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Retrospectiva 2025: Mulher no Esporte conquista avanços históricos no COB

Ano marca reestruturação institucional, crescimento na presença feminina no Pan Júnior e ampliação de programas de capacitação

Por Comitê Olímpico do Brasil

17 de dez, 2025 às 15:00 | 4 min de leitura

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O ano de 2025 representou um marco significativo para a área Mulher no Esporte do Comitê Olímpico do Brasil. Com uma série de ações estruturantes e resultados expressivos, o COB consolidou seu compromisso com a equidade de gênero e a ampliação da participação feminina em todas as esferas do Movimento Olímpico brasileiro.

 

Pan Júnior de Assunção: Meta superada e liderança feminina em evidência

O destaque do ano veio durante os Jogos Pan-Americanos Júnior, realizados em Assunção, no Paraguai. A delegação brasileira não apenas conquistou o primeiro lugar no quadro de medalhas, mas também superou a meta estabelecida pelo COB de 30% de representatividade feminina entre as confederações, alcançando 31% de mulheres, sendo 40 profissionais que compuseram as equipes técnicas, incluindo chefes de equipe, treinadoras e fisioterapeutas.

 

Para Yane Marques, vice-presidente do COB e primeira mulher a ocupar o cargo na história da instituição, os números refletem um trabalho estruturado. "Esse resultado é fruto de um trabalho muito bem estruturado internamente", destacou a medalhista olímpica, ressaltando que a construção dessa representatividade foi natural e orgânica, mostrando que há espaço e reconhecimento para mulheres em diferentes funções.

 

Programa MIRA: Impacto direto nas competições

Um dos principais pilares dessa transformação é o Programa de Mentoria Individualizada para Reflexão e Ação (MIRA) voltado para treinadoras. Em sua segunda edição, o programa capacitou 21 treinadoras de 21 modalidades diferentes, incluindo basquete 3x3, polo aquático, vela, vôlei de quadra, wrestling, tênis de mesa, ginástica rítmica, flag football, atletismo, hóquei sobre grama, tênis, tiro esportivo, boxe, surf, natação, escalada, rugby 15, ginástica artística, vôlei de praia, judô e triatlo.

 

O impacto do MIRA ficou evidente em Assunção: das 21 treinadoras mulheres presentes no Pan Júnior, 10 já passaram pelo programa. Roberta Cristiane Carregari, treinadora do atletismo, testemunhou a importância da iniciativa: "Venho desenvolvendo habilidades, adquirindo confiança e aprendendo a lidar com questões de equidade de gênero e rede de apoio".

 

O programa incluiu dois encontros presenciais no Centro de Treinamento do Time Brasil, em junho e dezembro, além de mentorias online e presenciais, espaço social de aprendizagem e aprendizagem baseada em viagens.

 

II Fórum Mulher no Esporte: Diálogo e reflexão

Em abril, o COB realizou a segunda edição do Fórum Mulher no Esporte, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. O evento reuniu cerca de 300 convidados para debater os avanços e os persistentes desafios do papel feminino no universo esportivo, consolidando-se como um importante espaço de discussão sobre a atuação da mulher em diversas áreas, desde a gestão e o alto rendimento até a performance, treinamento e medicina esportiva.

 

A programação de um dia inteiro contou com a participação de grandes nomes do esporte brasileiro. A bicampeã olímpica Fabi Alvim foi mestre de cerimônia e abriu os trabalhos com a palestra "Além do que se vê", compartilhando sua trajetória e provocando reflexões sobre as barreiras que ainda persistem no esporte feminino.

 

Fabi relembrou a solidão por ser a única menina a jogar futebol com os meninos na rua, apresentando dados alarmantes: 26% dos homens têm mais chances de praticar esportes, enquanto meninas e mulheres são 6 vezes mais propensas a desistir da atividade esportiva por não terem o suporte necessário.

 

A bicampeã olímpica também trouxe números que evidenciam a disparidade na representatividade: embora as mulheres representem 52% da população, apenas 4% do conteúdo da mídia esportiva é dedicado a elas, e somente 12% das notícias esportivas são apresentadas por mulheres. No âmbito da liderança técnica, apenas 13% das treinadoras credenciadas nos Jogos Olímpicos são mulheres.

 

Entre as personalidades presentes estiveram Ágatha Rippel, Jade Barbosa, Isabel Swan, Rosângela Santos, Leila Barros e Yane Marques, além de treinadoras olímpicas como Martha Rocha, Gianetti Bonfim e Camila Ferezin.

 

Prêmio Melânia Luz: Reconhecimento histórico

O II Fórum Mulher no Esporte se encerrou com a entrega do Prêmio Melânia Luz, em sua primeira edição, às atletas Joanna Maranhão e Rosângela Santos, celebrando o legado de mulheres que transformaram o cenário esportivo nacional.

 

O prêmio homenageia Melânia Luz, primeira mulher negra brasileira a disputar os Jogos Olímpicos, em Londres 1948, que quebrou barreiras significativas em uma época em que apenas 50 anos haviam se passado desde a abolição da escravatura no Brasil.

 

Reestruturação e ações institucionais

Em 2025, o COB promoveu a reestruturação da Comissão Mulher no Esporte e da Resolução RES-PRES-013, com eleição interna para colaboradoras e nomeação de novas membras. A área também marcou presença em audiências públicas na Comissão de Esporte do Senado Federal e na Câmara dos Deputados para apresentar as ações desenvolvidas.

 

Ao longo do ano, foram realizadas diversas ações de engajamento, incluindo, entre outras, um auditório virtual sobre representatividade feminina e a realização do primeiro encontro de treinadoras durante a COB Expo, que também contou com mesas sobre liderança feminina e performance feminina.

 

PDEF: Fortalecimento do esporte feminino

O Programa de Desenvolvimento do Esporte Feminino (PDEF) contemplou 18 projetos de confederações brasileiras em 2025, divididos em três categorias: sete projetos na Categoria A+ (ginástica rítmica, nado artístico, trampolim, surfe, vela, judô e rugby), quatro na Categoria A (taekwondo, hóquei sobre grama, triatlo e luta olímpica) e sete na Categoria B (nado artístico, nado para-artístico, tênis, squash, esgrima, escalada e tiro esportivo).

 

A iniciativa reforça o compromisso do COB em fortalecer a representatividade feminina e promover a igualdade no esporte junto às confederações brasileiras.

 

Legado e perspectivas

Os avanços conquistados em 2025 são resultado de uma política institucional estruturada que inclui a Comissão Mulher no Esporte, o Fórum Mulher no Esporte, a resolução RES-JOI-001, que estabelece recomendações sobre a participação de mulheres oficiais em jogos internacionais, e programas de capacitação como o MIRA.

 

Como destacou Iziane Marques, secretária nacional de Excelência Esportiva e participante do Fórum, "falar sobre liderança feminina é falar sobre transformação, representatividade e futuro". O COB demonstrou em 2025 que esse futuro está sendo construído no presente, com ações concretas que ampliam oportunidades e consolidam a diversidade como pilar de excelência do esporte brasileiro.

 

Com resultados expressivos em 2025, o COB reafirma seu compromisso de integrar cada vez mais mulheres ao movimento esportivo, construindo um ambiente mais justo, inclusivo e potente para as próximas gerações.

 

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