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Referência da maratona aquática no Brasil, Allan do Carmo se prepara para aposentadoria no esporte

Nadador de águas abertas se despede do alto rendimento na Travessia Itaparica-Salvador, sua terra natal

Por Comitê Olímpico do Brasil

9 de dez, 2022 às 06:30 | 4 min de leitura

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Um dos atletas pioneiros da maratona aquática no Brasil resolveu nadar em outros mares. Aos 33 anos, Allan do Carmo decidiu se aposentar do esporte de alto rendimento ao fim desta temporada de 2022. E a última prova oficial do baiano vai ser em casa: ele escolheu a Travessia Itaparica-Salvador, dia 10 de dezembro, como palco para o último ato na carreira recheada de conquistas que pavimentaram o crescimento da modalidade no Brasil.

“Ano passado eu já tinha pensado em parar e conversei com Fernando (Possenti, treinador), que me pediu para nadar mais uma seletiva olímpica. Depois disso, falei para ele que neste ano gostaria de encerrar a carreira na Travessia de Salvador e ele acatou meu pedido dizendo que seria uma decisão minha e que me apoiaria. Fui amadurecendo e comuniquei abertamente. Aí as coisas ficaram mais leves e eu passei a me emocionar com as declarações e depoimentos positivos das pessoas sobre mim”, relatou Allan.

O currículo de Allan prova a sua importância para a maratona aquática brasileira. Foram 25 anos dedicados ao esporte, duas participações em Jogos Olímpicos (Pequim 2008 e Rio 2016), e títulos expressivos, como a Copa do Mundo de Maratona Aquática de 2014, duas medalhas em Mundiais de Esportes Aquáticos (prata e bronze por equipes em Kazan 2015 e Barcelona 2013, respectivamente), bronze nos Jogos Pan-americanos Rio 2007 e três ouros e uma prata nos Jogos Sul-americanos (ouros em Santiago 2014 e prata Medellín 2010). Além disso, Allan foi eleito o melhor nadador do mundo de águas abertas em 2014. 

Agora, o baiano se prepara para os próximos passos na carreira, ainda indefinidos. Uma decisão, porém, ele já tomou: vai contar com a ajuda do treinador Fernando Possenti para realizar esse processo de transição, que, por enquanto, vai permanecer no Rio de Janeiro, cidade na qual Allan mora e treina atualmente. 

“Vou guardar com muito orgulho ele ter me pedido para ser mentor dele nos próximos passos da carreira. Ele foi o maior nadador de maratonas aquáticas deste País. O Brasil não teve nenhum atleta homem classificado para os Jogos Olímpicos e o Allan foi para dois”, ressaltou Fernando Possenti.

Um fator importante nessa trajetória de sucesso de Allan do Carmo é a relação dele com a conterrânea e campeã olímpica Ana Marcela Cunha. Os dois são amigos desde pequenos e tiveram caminhos que se cruzaram na maratona aquática. Para Fernando Possenti, inclusive, Allan foi fundamental na formação do ouro olímpico de Ana Marcela nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, uma vez que foi o fiel companheiro de treinamentos durante a pandemia de covid-19. Ana, por sua vez, reforça a relação de irmandade que existe entre os dois. 

“Allan é um irmão para mim. Conheço desde os oito anos de idade. Lembro porque a primeira vez que ele nadou uma maratona também foi a minha primeira vez, uma prova chamada ‘Meu Pai é Campeão’, no Porto da Barra, em Salvador. Por mais que a gente se conhecesse há muito tempo, só viemos nadar na mesma equipe aqui no Rio há pouco e foram os melhores três anos que eu poderia ter. O maior presente que eu pude dar a ele foi a medalha em Tóquio, que foi no dia do aniversário dele”, celebrou Ana Marcela.

A despedida, em casa, tem tudo para ser mais um momento especial para fechar com maestria a carreira de Allan do Carmo. E ele segue como sempre se apresentou no meio esportivo: um cara cheio de sorrisos e seguro das escolhas que faz para a vida.

“Para mim não faltou nada, sou muito feliz com tudo o que conquistei, com tudo o que realizei. Participei de todos os níveis de competição. Meu lema agora é aproveitar as oportunidades. Claro que quero dar aquela descansada, mas se eu tiver uma chance vou abraçar da melhor maneira”, finalizou. 

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