Oscar Schmidt receberá o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no Prêmio Brasil Olímpico 2019
Jogador de basquete com mais pontos em Jogos Olímpicos será homenageado por representar valores como eficiência técnica e física, espírito coletivo e dedicação

A dedicação incansável ao aperfeiçoamento dos fundamentos, a eficiência técnica
e física e o espírito coletivo são algumas das marcas da carreira esportiva de
Oscar Daniel Bezerra Schmidt, o Mão Santa, o homenageado com o Troféu Adhemar
Ferreira da Silva, no Prêmio Brasil Olímpico 2019. A cerimônia será realizada
no dia 10 de dezembro, às 20hs, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, zona
oeste do Rio de Janeiro.
“Além de toda a qualidade técnica e daquele inesquecível título de 1987, o
Oscar é um grande exemplo para os novos atletas por sua dedicação e o mais alto
nível de desempenho. É importante destacar também o espírito de equipe que
sempre marcou a carreira do nosso cestinha e todo seu amor pela seleção
brasileira. Por tudo isso, fico muito satisfeito de entregar o Troféu Adhemar
Ferreira da Silva para o Oscar”, disse Paulo Wanderley Teixeira.
“Uma honraria incrível, nem acredito que isso está acontecendo comigo. Fazer
parte desse grupo de grandes atletas, grandes personagens do esporte, já me faz
muito feliz. Quem diria que eu ia chegar nesse ponto? Só tenho a agradecer ao
COB e a todos que me indicaram a esse prêmio. Muito obrigado”, disse Oscar que,
com 49.737 pontos, é o maior pontuador da história do basquete, superando o
americano Kareem Abdul Jabbar.
O “Mão Santa” nasceu em Natal, em 16 de fevereiro de 1958, mas passou por
Brasília e São Paulo e entrou para a história do esporte olímpico nacional nos
Estados Unidos. Diferentemente de muitos atletas do basquete que se dedicam à
NBA, principal liga da modalidade no mundo, Oscar se recusou a jogar o
campeonato para poder continuar defendendo a seleção brasileira. Até 1989
apenas amadores poderiam jogar os torneios de seleções. E foi assim que ao lado
de Marcel, Guerrinha, Gérson, Israel, Amaury e outros grandes nomes, liderou o
Brasil em um dos maiores feitos da seleção masculina de basquete: o ouro nos
Jogos Pan-americanos em Indianápolis 1987 vencendo os americanos por 120 a 115,
de virada. Era a primeira vez que os EUA perdiam um jogo em casa.
“A minha maior lembrança dos Jogos Pan-americanos é mesmo a redinha na minha
cabeça, porque representa a história do basquetebol brasileiro. Tenho um
orgulho danado de ter ganhado, foi realmente uma conquista imensa. Cinco anos
depois, os Estados Unidos jogavam com o Dream Team e não tenho dúvidas de que nós
contribuímos muito para a mudança das regras”, comentou.
Mas esse é apenas um dos feitos de Oscar. Ele disputou os Jogos Olímpicos de
Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996. E é o
recordista de participações na modalidade, com cinco, ao lado do porto-riquenho
Teófilo Cruz e do australiano Andrew Gaze. A boa estatura (2,05m de altura) e o
talento para jogar basquete, aliados à dedicação e ao profissionalismo,
permitiram ao brasileiro ser o cestinha dos Jogos em 88, 92 e 96, um recorde.
Mais do que isso, tem o feito de ser o maior cestinha da história das
Olimpíadas com 1.093 pontos. Ninguém acertou mais cestas de dois pontos, de
três pontos e em lances livres em Jogos Olímpicos que ele.
Em Seul, Oscar se tornou o maior cestinha de uma partida de Jogos Olímpicos ao
assinalar 55 pontos contra a Espanha e conseguiu a impressionante média de 42,3
pontos por jogo, recorde até hoje. Vale destacar que em 88 o ala já tinha 30
anos.
“Jogar cinco Olimpíadas não é para qualquer um. Infelizmente, eu não consegui a
medalha, o que eu mais queria. E foi por minha culpa. Em 88, nós tivemos a
chance de ganhar da União Soviética e eu errei o arremesso. Mas foi bonito me
despedir dos Jogos com 38 anos porque não foi fácil chegar lá, passando pelo
pré-olímpico”, contou Oscar.
Filho de militar, Oscar sempre foi incentivado a praticar esportes. Mas a bola
laranja não foi sua primeira escolha, o esporte preferido era o futebol. O
basquete só entrou na vida do craque quando se mudou para Brasília, aos 13
anos de idade, e ingressou no Clube Unidade Vizinhança, primeiro clube
dele, treinado por Laurindo Miura. Em 1974, aos 16 anos de idade, Oscar foi
para São Paulo, para iniciar sua carreira no infanto-juvenil do Palmeiras.
Apenas 3 anos depois, foi eleito melhor pivô do sul-americano juvenil e,
com isso, garantiu vaga na seleção principal, com a qual foi
campeão sul-americano e ganhou uma medalha de bronze no campeonato
mundial das Filipinas, em 1978.
Oscar jogou 11 temporadas na Itália, de 82 a 93, 8 pelo Juvecaserta e 3 pelo
Pavia, onde anotou 13.957 pontos, se tornando o primeiro jogador a ultrapassar
a marca de 10 mil pontos no Campeonato Italiano. A passagem foi tão marcante
que Oscar teve seus números nos clubes aposentados: o 18 do Juvecaserta e o 11
do Pavia. Mas em 84 quase foi parar nos Estados Unidos. O desempenho dele nos
Jogos de Los Angeles foi tão marcante que o New Jersey Nets, de Nova York,
tentou contratá-lo após o torneio. Já a passagem pela Espanha, no Forum
Valladolid, após Barcelona 1992, rendeu um livro chamado "Jugar como
Oscar", do escritor Felix Angel. No Brasil, ainda passou por Corinthians,
Bandeirantes, Mackenzie novamente, até se aposentar no Flamengo, em 2003.
Após se retirar das quadras, Oscar passou a se dedicar a palestras sobre sua
rica história de vida, marcada pela superação de grandes obstáculos, inclusive
um tumor no cérebro, graças à sua dedicação e à paixão que coloca em tudo que
faz. Já são mais de 800 palestras ministradas.
O Troféu Adhemar Ferreira da Silva vai se juntar a uma grande lista de
homenagens que Oscar já recebeu. Ele foi nomeado um dos 50 Maiores Jogadores de
Basquete da História pela FIBA em 1991. Em agosto de 2010, foi incluído no Hall
da Fama da FIBA, em reconhecimento ao que jogou em competições internacionais.
E em 2013, Oscar, mesmo sem nunca ter atuado na NBA, colocou seu nome no Hall
da Fama do Basquete dos EUA.
PBO 2019
Na 21ª edição, o Prêmio Brasil Olímpico ainda vai premiar outras categorias.
Concorrem ao troféu de Melhor Atleta do Ano: Ana Marcela Cunha (maratona
aquática), Beatriz Ferreira (boxe) e Nathalie Moellhausen (esgrima), no
feminino; e Arthur Nory (ginástica), Gabriel Medina (surfe) e Isaquias Queiroz
(canoagem velocidade), no masculino.
Ana Marcela Cunha (maratonas aquáticas), Ana Sátila (canoagem slalom), Bruno
Rezende (vôlei), Flávia Saraiva (ginástica Artística), Hugo Calderano (tênis de
mesa), Ítalo Ferreira (surfe), Mayra Aguiar (judô), Nathalie Moelhausen (esgrima),
Paulo André (atletismo) e Pedro Barros (skate) são os candidatos a Atleta da
Torcida. A votação está aberta e pode ser feita através do link: pbo.cob.org.br. Serão
premiados, ainda, o Melhor Técnico Individual e Coletivo; e Melhores Atletas
nos Jogos Escolares da Juventude.
Além das premiações aos melhores de 2019, o Prêmio Brasil Olímpico deste ano
homenageará mais seis ídolos do esporte nacional com a inclusão de seus nomes
no Hall da Fama do COB: Joaquim Cruz, campeão olímpico dos 800m em Los Angeles
1984 e prata em Seul 1988; Magic Paula, campeã mundial de basquete em 1994 e
prata nos Jogos Olímpicos Atlanta 1996; e os já falecidos Guilherme Paraense,
atirador, primeiro campeão olímpico do país na história dos Jogos Olímpicos, em
Antuérpia 1920; João do Pulo, bronze olímpico no salto triplo em Montreal 1976
e Moscou 1980; Maria Lenk, nadadora, primeira mulher sul-americana a disputar
os Jogos Olímpicos, em Los Angeles 1932; e Sylvio Magalhães Padilha, primeiro
sul-americano a disputar uma final olímpica no atletismo, nos 400m com
barreiras, em Berlim 1936.
O Troféu Adhemar Ferreira da Silva
Criado em 2001, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva tem como objetivo homenagear
atletas e ex-atletas que representem os valores que marcaram a carreira e a
vida de Adhemar, bicampeão olímpico no salto triplo, tais como ética,
eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo
e espírito coletivo.
Homenageados com o Troféu Adhemar Ferreira
da Silva
2001 – Nelson Prudêncio - Atletismo
2002 – João Gonçalves Filho - Natação e Polo Aquático
2003 – Amaury Antonio Passos - Basquete
2004 – Maria Lenk - Natação
2005 – Agberto Guimarães - Atletismo
2006 – Aída dos Santos - Atletismo
2007 – André Gustavo Richer - Remo
2008 – João Havelange - Natação e Polo Aquático
2009 – Joaquim Cruz - Atletismo
2010 – Eder Jofre - Boxe
2011 – Bernard Rajzman - Vôlei
2012 – Hortência – Basquete
2013 – Torben Grael – Vela
2014 – Vanderlei Cordeiro de Lima – Atletismo
2015 – Gustavo Kuerten - Tênis
2016 – Bernardinho – Vôlei
2017 – Lars Grael – Vela
2018 – Jackie Silva – Vôlei de Praia
2019 – Oscar Schmidt – Basquete