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Assunção 2022

Mirelle Silva, atleta de origem indígena, sobe ao pódio de Jogos adultos pela 1ª vez

Corredora ganha prata nos 3.000 m com obstáculos no último dia em Assunção; atletismo leva 42 medalhas para casa

Por Comitê Olímpico do Brasil

15 de out, 2022 às 09:45 | 6 min de leitura

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Mirelle Silva olhou os melhores tempos de suas adversárias antes de entrar na pista. Sua marca pessoal mais expressiva era apenas a terceira mais rápida entre as atletas que largariam na manhã ensolarada em Assunção para a final dos 3.000 m com obstáculos. Mas a brasileira decidiu que  não se contentaria só com a medalha de bronze.

“Eu pensei: elas são mais rápidas, mas eu vou pra cima. Se não levar ouro, vou para o pódio”, contou.

Na pista, cumpriu seu plano. Foi para cima e assegurou a medalha de prata na final dos Jogos Sul-americanos Assunção 2022.

Uma conquista com muitos significados: sua primeira em Jogos na categoria adulta, a primeira de uma indígena representando o Brasil e um empurrão para quem sonha chegar aos Jogos Olímpicos Paris 2024.

“Pedi a Deus que me desse força. Estou muito feliz, quero mandar um beijo para meu filho, Lucas Gabriel, minha família e todo mundo que me ajudou. Também parabenizar o COB e os profissionais que me atenderam tão bem aqui”, disse, após a prova, que cumpriu em 10min25s28, tempo prejudicado pelo forte calor que fazia em Assunção. O ouro ficou com Belen Casetta (10min23s28), e o bronze, com Stefany Mendoza (1min26s82).

Mirelle quer se tornar a primeira atleta de origem indígena a disputar os Jogos Olímpicos pelo Brasil.

“É um orgulho muito grande competir pelo meu país e representar minha origem, que é tão criticada por tanta gente. Seguimos na luta, não é fácil”, afirmou.

A corredora de 20 anos, que já foi campeã sul-americana sub-23, nasceu na reserva indígena xukuru de cimbres, em Pernambuco. Ela mora e treina em Pesqueira, cidade a 215 kms do Recife.

Ainda na adolescência, Mirelle começou no atletismo com as corridas de rua que fazia para ajudar no orçamento doméstico. Quando descobriu os 3.000 m com obstáculos, apaixonou-se.

A atleta engravidou de Lucas Gabriel aos 15 anos e quando o bebê tinha apenas quatro meses, já estava de volta ao pódio das corridas. 

“Foi muito difícil porque só o pai do meu filho me apoiou. Graças a ele eu consegui voltar e me dedicar ao esporte. Meu sonho é evoluir cada vez mais e chegar a Paris 2024. Não vai faltar esforço e trabalho para isso”, disse a corredora, que é a terceira colocada do ranking brasileiro dos 3.000 m com obstáculos na categoria adulta e a líder na sub-23.


ÚLTIMO DIA DE MEDALHAS

O último dia de disputas do atletismo dos Jogos Sul-americanos Assunção 2022 testou a resistência dos competidores brasileiros. Sob o sol forte da capital paraguaia, o Brasil fechou sua participação com 42 medalhas.

No total, a equipe formada por 58 atletas (31 no masculino e 27 no feminino) deixa o Paraguai com 14 ouros, 13 pratas e 15 bronzes.


Revezamento 4x400 m feminino, prata nos Jogos Sul-americanos Assunção 2022 Foto: Mariana Lajolo/COB

Nas finais deste sábado, dia 15, o Time Brasil conseguiu pratas com Jaqueline Weber nos 800 m (2min08s97) e nos revezamentos 4x400 m livre feminino (3min35s61) e 4x400 m masculino (3min06s79), além dos bronzes com Eduardo Moreia nos 800 m (1min47s39) e Augusto Dutra no salto com vara (5,30m)

Entre os atletas que se destacaram nos outros dias de disputas estão Letícia Oro, medalhista de bronze no salto em distância no Mundial Oregon 2022. Com 6,64 m, ela confirmou o favoritismo no salto em distância. 

Na marcha atlética, o Brasil também dominou. Caio Bonfim, que já foi a três Jogos Olímpicos, venceu os 35 km e foi bronze nos 20 km. Viviane Lyra assegurou foi prata e ouro nas mesmas distâncias. 

No decatlo, dois brasileiros mostraram a força no Brasil na prova:   Felipe Vinicius dos Santos levou o ouro, e José Fernando “Balotelli”, o bronze. 

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