Presidente Marco La Porta faz balanço do primeiro ano de gestão
Convidado da série ‘5 Perguntas’, mandatário do COB comenta resultados de 2025 e projeta as atividades para o resto do ciclo olímpico

Alexandre Loureiro/COB
O primeiro ano de Marco La Porta na presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB) foi marcado por muito trabalho e intensa relação com diferentes atores do esporte brasileiro. Desde que assumiu em janeiro, sua administração tem se empenhado em fazer do COB uma casa de portas abertas a todos que trabalham para o desenvolvimento do esporte no Brasil.
As principais pautas desses encontros são: desenvolvimento de novos talentos, gestão próxima a atletas e confederações e uma robusta articulação com clubes, comitês e outros setores do ecossistema esportivo em Brasília para defender assuntos importantes para o setor.
Ao fazer um balanço deste primeiro ano, Marco La Porta lembra dos desafios iniciais à frente do COB, reforça a importância da recente aprovação da Lei de Incentivo ao Esporte permanente e diz o que pensa para 2026, ano em que o Time Brasil estará envolvido em quatro missões (Jogos Olímpicos de Inverno, Jogos Sul-americanos, Jogos Sul-americanos Junior e Jogos Olímpicos da Juventude). Além, claro, da expectativa para todo o ciclo de Los Angeles 2028 e da responsabilidade que o COB tem na criação de uma verdadeira Nação Esportiva.
Qual foi o maior desafio do primeiro ano da gestão?
Um primeiro ano de gestão sempre será marcado por conhecer melhor todos os processos, colaboradores, quem faz o dia a dia realmente. Acredito que passamos por um grande desafio logo no início, quando não tivemos uma transição e precisamos nos inteirar de tudo, de todos os processos do COB já depois de termos assumido. Isso demandou um esforço enorme de toda diretoria e gestores, mas temos um time incrível e o trabalho saiu impecável.
Em um tempo recorde, conseguimos colocar a casa em ordem, equacionar um déficit de mais de R$ 70 milhões e direcionar nossas equipes para os objetivos que acreditamos serem o melhor para o Movimento Olímpico brasileiro. Em um ano tivemos tantos avanços e aprendizados que nos dão a certeza de estarmos no caminho certo.
O COB esteve muito presente na articulação da aprovação da Lei de Incentivo ao Esporte. Em que ela impacta o Movimento Olímpico no Brasil?
Eu diria que a sanção da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) como política permanente de Estado foi a maior vitória do esporte brasileiro em muitos e muitos anos, se não for a maior. E o COB não pode ficar alheio à formação, ao esporte como ferramenta de transformação social. O fato de sermos tidos como “responsáveis” pelo alto rendimento não pode nos afastar da base da pirâmide. Queremos, sim, ter mais campeões, mais medalhas, mais ídolos, mais recordes e mais títulos. Só que isso acontecerá de maneira orgânica se tivermos mais praticantes de esporte em nosso país. O Brasil possui dimensões continentais e temos que estimular cada vez mais a prática esportiva de crianças e jovens. Seja nos projetos sociais, nos clubes, escolas. Toda e qualquer iniciativa é bem-vinda.
E não existe nenhum mecanismo que chegue perto do que a LIE faz pelo esporte. Praticamente toda iniciação esportiva sai da LIE de alguma maneira. E não queremos apenas que essas crianças sejam grandes atletas, queremos formar também apaixonados por esporte. Aquelas pessoas que consumirão, torcerão, se envolverão com o esporte de alguma maneira, que seguirão praticando suas modalidades preferidas como amadores pelo resto da vida. Isso é a nossa tão falada e sonhada Nação Esportiva. E ela passa diretamente pela LIE.
Esportivamente, foi o primeiro ano do ciclo de LA 2028, mas o Brasil conseguiu resultados expressivos em mundiais de diferentes modalidades. Qual a importância deste bom começo?
Sabemos do potencial de nossos atletas. Temos grandes expoentes em várias modalidades, que confirmaram sua grande fase em 2025, como Caio Bonfim (na marcha atlética) e Hugo Calderano (no tênis de mesa). Tivemos também grandes resultados, como a prata no Mundial da ginástica rítmica, os dois ouros no Mundial de taekwondo, com Maria Clara e Henrique, o título mundial do Yago Dora no surfe, entre muitos outros. Ter um primeiro ano de ciclo assim nos deixa ainda mais empolgados para seguir trabalhando firme pela nossa meta, que é proporcionar as melhores condições possíveis para nossos atletas performarem.
Eu sei que no Brasil gostam muito de falar em metas como palpites, tentativas de adivinhação. Mas nós não trabalhamos dessa maneira. Nossa meta é trabalhar e trabalhar para que cheguemos em Los Angeles com as melhores chances possíveis. Nossas medalhas serão consequências dessa meta de trabalho e é nela que apostamos.
Ano que vem será marcado por quatro missões. Como o COB está se preparando?
Como tivemos um primeiro ano de gestão de arrumação de casa, acho que chegaremos a 2026 muito bem preparados. Como já disse, nosso time foi incrível em direcionar as equipes para seus objetivos de curto, médio e longo prazo. Temos, logo de cara, uma edição de Jogos Olímpicos de Inverno que pode ser histórica. E vamos seguir firmes em nosso trabalho para que seja mesmo. Além dos nossos atletas, teremos pela primeira vez uma Casa Brasil, um marco do nosso marketing, que levará nossa cultura para mais gente.
Para conseguir proporcionar o melhor para nossos atletas, é preciso sempre antecedência e planejamento, e nosso time é campeão nisso. Tanto que já estamos planejando Brisbane 2032. As primeiras visitas já foram feitas, já estamos mapeando tudo para ter os melhores lugares para nossas bases, nossos centros de treinamento.
Para as missões desse ano, tenho certeza de que estará tudo pronto para que possamos ter a melhor performance possível.
Qual é o plano para o restante do ciclo de LA 28?
Como disse antes, nosso plano é trabalhar muito. Temos, obviamente, mapeados os atletas que seguirão num ciclo muito forte e chegarão com uma grande chance de medalha em LA. E estamos muito próximos deles, oferecendo todo o suporte para que eles sigam entre os melhores do mundo, nos orgulhando a cada prova, a cada disputa.
Temos também um mapeamento mais macro, daqueles atletas que já estão num bom nível internacional, mas precisam evoluir para atingirem a elite das suas modalidades. E temos um trabalho específico para estar ao lado deles neste salto, nesta evolução.
E por último, mas não menos importante, temos as promessas, os atletas que surgem com muito brilho e propriedade na base. A estes precisamos dedicar um olhar atento para não queimarmos etapas. O certo é acompanhá-los para uma transição para o adulto no timing certo. Claro que queremos que esses jovens se tornem logo integrantes da elite mundial, mas o primordial é ter cuidado para não queimar um futuro campeão com uma pressa desnecessária.
É um trabalho minucioso, muito detalhista e muito bem planejado e executado pelo Comitê Olímpico do Brasil. Estou muito feliz com tudo que estamos fazendo.











