A 150 dias de Milão-Cortina 2026, Time Brasil amplia representação e aguarda final de temporada para carimbar vagas
Suíço-brasileiro Patrick Burgener reforça equipe verde-amarela e busca classificação no snowboard halfpipe

Patrick Burgener vai defender o Brasil na busca por uma vaga no snowboard halfpipe em Milão-Cortina 2026. Foto: CBDN
Faltando exatos 150 dias para os Jogos Olímpicos de Inverno Milão-Cortina 2026, com início marcado para 6 de fevereiro, o Time Brasil tem um novo nome defendendo o verde-amarelo na busca por uma vaga. Tendo competido por mais de 15 anos pela Suíça, onde nasceu, Patrick Burgener decidiu agora representar o país de sua mãe no snowboard halfpipe. Em junho, anunciou a troca de cidadania e, em agosto, o atleta de 31 anos desembarcou em terras tupiniquins pela primeira vez e se encantou com a vida por aqui. Em visita ao Centro de Treinamento do Time Brasil, uma de muitas paradas no roteiro que incluiu até se apresentar em um show em São Paulo, Pat falou sobre o esporte e a experiência no Brasil.
"Minha mãe cresceu aqui no Rio de Janeiro e foi um grande sonho representar o país dela. Agora que estamos aqui, não posso acreditar. É um lugar incrível, um país incrível, sei que vai ser um ano incrível para mim", disse o atleta. “É uma oportunidade de compartilhar minha paixão com muita gente: música, snowboard, esporte. Também acho que o Brasil tem muitos atletas muito bons e com tradição no surfe, no skate, mas ainda não no snowboard, e fico muito feliz de trazer isso pro país".
Burgener traz no currículo duas medalhas de bronze em mundiais (2017 e 2019), duas participações em Jogos Olímpicos - com quinto lugar em PyeongChang 2018 e 11º em Pequim 2022 - e atuações em Copas do Mundo. Ocupando a 13ª colocação no ranking mundial do snowboard halfpipe, ele está bem posicionado para garantir uma das 25 vagas disponíveis para Milão-Cortina.
"Eu nunca estive tão motivado para ir aos Jogos Olímpicos. Representar um país como o Brasil me dá muita motivação para alcançar minha melhor performance, me sinto forte e pronto", declarou o atleta, que também pratica surfe, skate e kung fu, além de ser músico e ator. “Comecei o snowboard com 4 anos e por muito tempo o snow me ajudou a encontrar minha paixão na vida, porque tive muitos problemas na escola tendo TDAH, sendo hiperativo. Para mim, foi muito difícil de viver, estar feliz, e o snowboard me ajudou a encontrar essa paixão”, completou.
A confirmação da participação de Pat em Milão-Cortina, entretanto, só ocorrerá quando o ranking de classificação olímpica fechar, no final de janeiro de 2026. O Brasil já tem garantidas cinco vagas: três no esqui cross-country (duas no feminino e uma no masculino) e duas no esqui alpino, sendo uma em cada naipe, com Eduarda Ribera no feminino, a única nominal. Duda foi convocada pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) em maio, tornando-se a primeira atleta oficialmente confirmada para os Jogos. Lucas Pinheiro Braathen, esquiador alpino norueguês-brasileiro, ocupa a 7ª colocação no ranking da modalidade e é outra aposta verde-amarela de disputa em Milão-Cortina, caso sua classificação se confirme.

No gelo, ainda não há vagas garantidas, mas um nome se destaca na corrida pela classificação: Nicole Silveira, no skeleton. A gaúcha de 31 anos vive grande momento em sua carreira e se credencia como candidata a uma vaga olímpica após uma temporada extraordinária.
Em março, Nicole fez história ao conquistar o quarto lugar no Mundial de Skeleton 2025 em Lake Placid (EUA), representando o melhor resultado do Brasil em um campeonato mundial de esporte olímpico de inverno. Além disso, na temporada 2024/2025, ela conquistou duas medalhas de bronze em etapas da Copa do Mundo - em PyeongChang e St. Moritz - tornando-se a primeira brasileira a subir ao pódio em uma Copa do Mundo de esporte olímpico de inverno. Nicole encerrou o campeonato na sexta posição geral, mantendo-se entre as oito melhores em seis das sete provas que disputou, e no caminho para a classificação para os Jogos Olímpicos.
“Minha preparação tem sido muito focada em me manter saudável e consistente. Cada detalhe nessa fase é importante, então estou equilibrando treinos físicos, técnicos e também a parte mental. O objetivo é chegar em Milão-Cortina no meu melhor nível, pronta para buscar a classificação e competir em alto rendimento", explicou Nicole. “Até os Jogos, vou disputar todas as etapas da Copa do Mundo, que são sete no total. Nenhuma é mais importante que a outra, porque todas contam pontos para o ranking que define a classificação olímpica — e apenas as 25 melhores do mundo garantem vaga”.
A primeira etapa é justamente em Cortina D’Ampezzo, na Itália, onde serão disputadas a maior parte das modalidades de gelo nos Jogos Olímpicos. A Copa do Mundo de Skeleton começa em 17 de novembro e passa por cidades na Áustria, Letônia, Noruega, Suíça e Alemanha até 18 de janeiro.
“Vai ser uma experiência muito especial poder testar a pista olímpica já na primeira etapa da temporada", comentou Nicole, que explicou ainda a sensação de defender a bandeira brasileira em uma modalidade não tão convencional no país.
“Representar o Brasil é algo muito especial, é realmente incrível. Para mim, significa não só competir pelo meu país, mas também trazer o skeleton e, de certa forma, os esportes de inverno para os olhos dos brasileiros. Quero motivar e inspirar outras pessoas a acreditarem que, quando se coloca a mente em um objetivo, pode alcançar coisas que talvez nunca tenha nem sonhado", finalizou.