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Jogos da Juventude

Espoleta, resiliente e competitiva: novo talento da ginástica rítmica do Brasil nasceu na Venezuela

Alejandra Sanchez defendeu Pernambuco nos Jogos da Juventude Ribeirão Preto 2023 e ficou com a prata na segunda divisão

Por Comitê Olímpico do Brasil

3 de set, 2023 às 17:11 | 1 min de leitura

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O esporte é, em sua essência, inclusivo. O Olimpismo tem como princípios a amizade, a compreensão mútua, a igualdade, a solidariedade e o "fair play" (jogo limpo). Então, nada mais justo que usar esses valores, valores do esporte, para abraçar as diferenças. Um bom exemplo disso é a presença de Alejandra Sanchez, ginasta nascida na Venezuela, e que conquistou a prata no individual geral da segunda divisão da ginástica rítmica nos Jogos da Juventude por Pernambuco. Ela acompanhou os pais que saíram do país vizinho por uma oportunidade de trabalho há cerca de sete anos.

Cheguei ao Brasil, em Curitiba, com 5 pra 6 anos. Quando eu estava com 7, minha mãe descobriu a ginástica e pensou que era parecido com o que eu fazia em casa. Eu sempre fui uma criança muito espoleta, que fica brincando em todo lugar. Minha mãe tentou me colocar em muito esporte. Fiz balé, dança, tênis, judô, natação, mas a ginástica foi o que mais se encaixou comigo. Sempre fui muito competitiva, ficava feliz quando tinha que competir e treinar para melhorar”, contou Alejandra.

A menina passou na seletiva para o AGIR, um dos mais tradicionais da modalidade no Brasil, e começou a traçar uma trajetória de sucesso. “Em 2017, comecei a ir pra competições grandes. No ano seguinte, fui campeã sul-americana de conjuntos pré-infantil, campeã por equipes no brasileiro, terceiro lugar na final de bola e vice-campeã no brasileiro de conjuntos. 2019 foi um ano complicado. Em 2020, veio a pandemia, mas eu treinei muito, me esforcei e evolui demais. Em 2021, fui pro brasileiro e peguei final nas maças e fiquei em terceiro lugar na bola. Em 2022, peguei final de maças novamente. E em 2023, estou aqui”, contou rindo a ginasta.


Antes de chegar aos Jogos da Juventude, a garota enfrentou uma nova mudança de rumos. A mãe dela recebeu uma proposta de trabalho e a família toda partiu para Pernambuco. Cidade nova, clube novo, mas a sorte estava ao lado dela.


“Acredito que o que define a Ale é a resiliência. Não é fácil sair do seu país, ir para outro sem falar a língua e digo isso por experiência própria. Com 13 anos também fui morar fora do Brasil, sem saber a língua, e também fui atleta. Sei o quanto é difícil se encaixar numa cultura que não é nossa. Mas ela é muito batalhadora, resiliente e esforçada”, disse Nathália Nobre, treinadora que acompanha Alejandra no dia a dia no Clube Do Movimento Gym.

“Foi um presente e um desafio dar continuidade a esse trabalho (da AGIR). Vimos que ela era uma excelente ginasta e colocamos o foco de fazer ela disputar a Seletiva e estar nos Jogos. Tivemos um grande êxito. Ela é a segunda melhor e Pernambuco foi campeão por equipes (da segunda divisão). Então, parabéns para ela, para a Alice Medeiros e para a Isabela Alcântara. É um feito incrível dessas ginastas para o nosso estado”, completou Nobre, lembrando que além de Alejandra, o time pernambucano foi composto por Alice Medeiros, terceira colocada na segunda divisão, e Isabela Alcântara, que ficou em quinto. A campeã foi Mariana Iorio, do Rio de Janeiro.

O momento da ginástica rítmica do Brasil é ótimo, com medalhas do conjunto e de Bárbara Domingos. Babi, como é conhecida, é a grande inspiração de Alejandra, que conviveu com a ginasta na época em que morava e treinava em Curitiba. O sonho dela, inclusive, é o mesmo que Domingos irá realizar em Paris 2024.

“Eu pretendo chegar nos Jogos Olímpicos. Minha inspiração é a Bárbara Domingos. Sei que todo mundo para quem você perguntar vai citar ela como alguém em quem se espalhar, mas comigo é um pouco diferente. Eu treinei com ela, a conheço, vi o trabalho dela desde que eu era pequena. Sempre foi um incentivo vê-la treinando de manhã e à tarde. Vi como ela se esforçava, como falava quando estava cansada, até chorando no treino e pensava: que menina guerreira! Então, não é só porque a Babi tá conseguindo os resultados, mas também porque ela me inspira como pessoa e como atleta”, completou Alejandra.


Ginástica Rítmica nos Jogos da Juventude

Na primeira divisão do individual geral, o título ficou com Fernanda Alvaz, deSão Paulo. Sarah Mourão, de Minas Gerais, ficou com a prata, e Júlia Bessa, do Rio Grande do Norte, ficou com o bronze. Veja os resultados completos da primeira divisão aqui e da segunda, aqui.

A Ginástica Rítmica chega ao fim nesta segunda-feira (04) com as finais por aparelhos. O Ginásio de Esportes Docão, em Sertãozinho, recebe a partir das 14h as finais do Arco e, na sequência, as da Bola. Nas próximas ondas, o local será palco da ginástica artística e do handebol.


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