Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025 contam com 10 treinadoras do Programa de Mentoria do COB, o MIRA
Atuais participantes e mulheres que passaram pelo programa aproveitam oportunidade de vivência em um evento multiesportivo de alto nível

Foto: Abelardo Mendes Jr/COB
Os Jogos da Juventude oferecem aos atletas de até 17 anos a chance de vivenciar um evento multiesportivo de alto nível. O mesmo acontece com as treinadoras. Este ano, a competição conta com dez atuais integrantes ou ex-participantes, sendo duas mentoras e oito treinadoras, do Programa Mentoria Individualizada para Reflexão e Ação (MIRA), desenvolvido pela Área Mulher no Esporte, da Diretoria de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
O MIRA tem o objetivo de desenvolver o esporte feminino e ampliar o número de treinadoras no esporte de Alto Rendimento. Um dos exemplos na edição Brasília 2025 é Luana Bolzón, treinadora de vôlei de praia, que está fazendo parte do MIRA de 2025. Nos Jogos da Juventude, ela foi convidada do Programa de Observadores dos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025 para vivenciar e observar o desenvolvimento do evento.
“Este é um evento multiesportivo, em que existe troca entre atletas e treinadores de diferentes modalidades. Essa diversidade enriquece muito, tanto para quem compete quanto para quem acompanha” afirma Luana.
O programa conta com mentorias que acontecem de forma online e também em encontros presenciais. E, para Luana, estar nos Jogos é uma grande oportunidade para aprender com treinadoras que possuem experiências olímpicas, medalhas e uma bagagem profissional, e que compartilham os desafios de ser mulher dentro de um cenário ainda majoritariamente masculino.
“Essa troca é o que considero mais valiosa: perceber que não estamos sozinhas, que todas passam por situações semelhantes e que juntas criamos uma rede de apoio”, conta Luana.
Luana é mentorada pela treinadora de triatlo Elinai Freitas, que está nos Jogos pelo Programa de Observadores, em parceria com as Confederações, para avaliar e mapear atletas de base, além de contribuir para melhorias técnicas ao evento. Para ela, estar no evento junto de outras alunas do MIRA é um reflexo claro da importância do programa em abrir caminhos e dar visibilidade às mulheres no esporte.
“É muito significativo ver as meninas do MIRA em ação nos Jogos da Juventude. Estarem aqui e em destaque — seja como treinadoras das suas seleções estaduais ou atuando próximas às suas confederações — demonstra a representatividade e o reconhecimento do trabalho que elas vêm construindo”, afirma Elinai.
Para Brenda Aguiar, que está como treinadora da equipe de São Paulo do Wrestling, o MIRA também é um lugar de trocas e de identificação de obstáculos em comum. “Percebi que muitas das dificuldades que eu achava serem só minhas, na verdade, são vividas por várias mulheres no esporte. Antes de entrar no MIRA, eu pensava que a falta de valorização da treinadora ou da gestora, eram apenas comigo. Mas percebi que não, que isso faz parte de um cenário ainda muito machista, especialmente em esportes de luta”, afirma.
E hoje, ela também se enxerga em um lugar de dar o exemplo e suporte para as próximas gerações. “Essa troca me dá ainda mais vontade de lutar por mudanças, não só para mim, mas para a próxima geração. Tenho uma atleta que hoje me auxilia nas aulas e está cursando Educação Física e não quero que ela passe pelas mesmas dificuldades que eu já passei e ainda passo”, conta Brenda.
Além de trabalhar para o desenvolvimento do esporte feminino no Brasil, a mentoria tem como principal objetivo a ampliação do número de treinadoras no esporte de Alto Rendimento. Por isso, Brenda ressalta que se não fosse o programa, as treinadoras não teriam essa oportunidade.
“Muitas só estão aqui porque o programa exige a presença de mulheres nas delegações. Se não fosse por isso, talvez não estivessem, já que ainda existe a cultura de que só os homens têm capacidade para ocupar esses espaços”, afirma.
Apenas nesta edição, o programa conta com dez mulheres que fazem ou já fizeram parte do MIRA. E para Elinai Freitas, isso significa que os programas da Área da Mulher estão cumprindo seu papel de promover a equidade de gênero no esporte.
“Ver 10 mulheres que passaram pelo MIRA já ocupando cargos de liderança, como treinadoras de seleções, além de observadoras técnicas, mostra que estamos avançando de forma concreta. Para mim, é um orgulho acompanhar esses resultados e perceber que estamos construindo um caminho sólido para que cada vez mais mulheres tenham espaço e voz no esporte”, conclui. “A presença das treinadoras do programa MIRA nos Jogos da Juventude evidencia a sinergia entre as duas iniciativas, fortalecendo o desenvolvimento e a representatividade feminina no esporte nacional desde a base”, disse Sebastian Pereira, gerente de Educação, Fomento e Infraestrutura do COB.