Ouro pelo RJ nos Jogos da Juventude CAIXA, Lavozier Marubo mantém fortes seus laços com o Amazonas
Campeão da categoria 65kg do wrestling, ele saiu de Atalaia do Norte para viver no Rio atrás do sonho de ser atleta olímpico

Washington Alves/COB
Todo dia em que vai competir, Lavozier Marubo liga para os pais antes. Hoje não foi diferente. Medalha de ouro na categoria 65kg no wrestling lutando pelo Rio de Janeiro, ele manteve o costume de telefonar para… Atalaia do Norte, no Amazonas. Cidade a três horas de voo de Manaus. “Ou sete dias, se for de barco”, conta Lavozier. O Marubo no sobrenome se refere ao seu povo indígena – a etnia Marubo. “Eu ainda falo com minha mãe na nossa língua”, conta.
Os bons resultados no Wrestling o levaram do Norte para o Sudeste do país. Agora com 16 anos, Lavozier tinha 7 anos quando descobriu a modalidade em um projeto na sua cidade natal com um professor cubano, país com tradição na modalidade. “Eu me interessei, fui bem, comecei a competir pelo Amazonas. Até que o David Maia, treinador da Seleção Brasileira sub-17 me convidou para mudar pro Rio de Janeiro e treinar lá”, conta.
Uma mudança e tanto para quem tinha 14 anos e deixava pai, mãe e irmãos. “Foi complicado. No começo eu não me sentia bem. O Rio de Janeiro é muito diferente”. Nessa hora, a segurança dos pais falou mais alto e hoje Lavozier é grato. “Meus pais me incentivaram. Disseram que eu teria mais oportunidades se me mudasse. Valeu muito a pena. Este ano fui medalha de prata no campeonato pan-americano sub-17 de Niterói (RJ)”, comentou, orgulhoso.
Os planos são de alguém que saiu de perto da família para seguir um sonho. “Treinar e treinar. Para daqui mais alguns anos poder representar nosso país numa Olimpíada”, diz.
A distância da família já foi assimilada, mas o Rio de Janeiro ainda não é assim tão familiar. “Rapaz, eu só fico dentro do quarto. Meu treino é muito pesado, são três horas por dia”, justifica. Praia? “Sim, já fui. Copacabana e Arpoador”, revela. Cristo Redentor? Pão de Açúcar? Jardim Botânico? “Não fui a nenhum. Muita preguiça. Meu quarto é tão geladinho.”