Técnicos do Pentatlo Moderno usam criatividade e tecnologia em treino durante pandemia
Pentatletas estão sendo acompanhados por videoconferência para manterem o condicionamento físico em casa

Em casa há cerca de três meses por causa do isolamento social devido a pandemia de COVID-19, os atletas de pentatlo moderno contam a ajuda da tecnologia para se manterem ativos. Pentatletas de pelo menos três dos oito estados onde a modalidade olímpica é praticada têm utilizado plataformas de videoconferência para treinarem juntos. Sempre com apoio dos técnicos, eles desenvolvem uma série de exercícios adequados para o momento.
Fábio Corrêa, coordenador-técnico da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM) no Rio de Janeiro, orienta os trabalhos do CT da CBPM na capital fluminense, que fica no Círculo Militar da Vila Militar (CMVM), na Zona Oeste da cidade. Antes da epidemia, cerca de 50 atletas treinavam diariamente no local, como é o caso de Marcela Mello, de 15 anos.
“Inicialmente, a gente orientou nossos atletas a focar nos exercícios de força. Em um segundo momento, já passamos a sugerir corridas leves e moderadas na rua, no início da manhã, em horários com menos fluxo de pessoas. Tudo isso para atender a fundamentos de treino em casa, com o uso da fisiologia do exercício preconizada há décadas”, destaca Fábio.
Além de treinar em casa, Marcela também participou de uma competição continental durante o isolamento social e com excelente resultado. No início do mês, a carioca foi vice-campeã do Campeonato Pan-Americano de Tiro em Casa, que reuniu 16 competidoras de seis países.
“Estou dividindo meus treinos em casa em dois períodos, pela manhã, antes das aulas, e à tarde. Estou fazendo bastante exercício de técnica e de fortalecimento para a corrida e a natação. Tenho me alongado também, que é uma coisa muito importante. A gente se ajuda bastante nos treinos. Não é a mesma sensação treinar em casa do que estar no CT, interagindo com todo mundo”, conta Marcela.
+ Cinco atletas brasileiros competem no Pan de Tiro em Casa do Pentatlo Moderno
CADEIRA COMO CAVALO
Para o grupo de 15 pentatletas do PentaJovem-Santos, projeto que a CBPM mantém para a descoberta e formação de novos nomes na modalidade, o trabalho em casa vai muito além dos exercícios físicos. Ao montar o planejamento de treinos em casa dos atletas, Odenir Fonseca, coordenador-técnico do projeto, não esqueceu de nenhuma das cinco provas do esporte.
“Criamos adaptações nas modalidades. A gente colocou moeda e bolinha pendurada para a esgrima, com uma cadeira, conseguimos simular o hipismo; a criança faz o trote elevado e a posição de saltos usando a cadeira. Na natação, com um elástico, eles fazem a braçada em pé, deitados em uma cadeira, batem a perna, rodando o braço. Na corrida, fazem a parte educativa, e com o tiro é mais fácil, porque você coloca uma mesa, o alvo na parede e atira”, enumera Odenir.
Outro recurso que os técnicos do Pentatlo Moderno têm usado para manter os atletas motivados é fazer conferências com atletas e treinadores de outras regiões. Até o momento, já foram realizados pelo menos dois intercâmbios entre os CTs, inclusive alguns deles contando com atletas estrangeiros.
“Todo dia tem gente do Uruguai treinamento com a gente. Já contamos também com atletas da Argentina e o Peru também vai se juntar a gente. Além disso, já fizemos treinamentos com a equipe do Rio e do Recife”, comemora Odenir Fonseca, coordenador-técnico do projeto PentaJovem-Santos, projeto que a CBPM mantém para a descoberta e formação de novos nomes na modalidade.
A estratégia de Santos tem sido replicada no PentaJovem-Recife. Além de videoconferências com treinadores de outros CTs, os 25 atletas da capital pernambucana também têm aproveitado conversas com especialistas multidisciplinares.
“Tivemos um papo com a psicóloga da gente, onde o tema foi justamente o treino durante a quarentena. Conversamos sobre a manutenção da cabeça boa durante esses treinos e estratégias para que eles conseguissem extrair o máximo em casa”, destaca Almir Claudino, coordenador-técnico do PentaJovem-Recife. “A psicóloga deu uma palestra, depois a gente deixou em aberto para os atletas tirarem as dúvidas e fizemos um treino para finalizar”.
Em Recife, Almir manteve os treinos de segunda a sábado, mas diminuiu a duração deles para que todos pudessem estar juntos virtualmente. O treinador vê a falta de competitividade como uma das perdas de se treinar em casa, mas gosta quando ouve dos atletas que eles estão com muita vontade de voltar aos treinos no CT, assim que possível. Se depender de João Victor Acioly, de 15 anos, a volta será cheia de gás. Mas enquanto ela não vem, o pentatleta mantém a rotina de treinos online com os colegas.
“Durante o período de isolamento social, os treinos em casa têm sido a melhor opção, pois diminui o risco de contágio do coronavírus e me mantém treinando com o acompanhamento dos técnicos, o que proporciona manter o meu condicionamento físico para que eu continue evoluindo a técnica. No CT, existe o espaço adequado para correr, atirar, nadar, jogar esgrima com os outros atletas e praticar o hipismo. Em casa não é possível realizar todas essas atividades”, diz o pernambucano, que também competiu no Pan de Tiro em Casa.
Fonte: CBPM