Daniela Bassi celebra pioneirismo no tênis de mesa: “mulher também pode liderar, ensinar e transformar”
Com 40 anos de dedicação à modalidade, técnica da seleção brasileira é a primeira a liderar uma competição internacional adulta no Sul-Americano de Lima

Pela primeira vez, a seleção brasileira adulta de tênis de mesa está sob liderança de uma técnica mulher em uma competição internacional. Daniela Bassi comanda a equipe brasileira ao lado do treinador Bruno Costa no Campeonato Sul-americano Adulto de Lima. Na competição, Giulia Takahashi, Laura Watanabe, Karina Shiray, Victória Strassburger, Allan Sarmento, Felipe Arado, Guilherme Teodoro e Leonardo Iizuka buscam a classificação para o Campeonato Pan-Americano da modalidade.
“É um misto de emoção, gratidão e vontade de retribuir com muito trabalho. Me sinto honrada, mas acima de tudo, com uma responsabilidade enorme porque sei que não estou aqui só por mim, mas por tantas outras mulheres que sonham com esse espaço”, disse. “Eu sei que ainda sou uma exceção, mas torço para que logo isso vire algo natural e que outras mulheres possam se ver nesse lugar, entender que é possível”, projetou.
Daniela está no comando da seleção desde março deste ano, antes dedicou-se a formar atletas em Jau, interior de São Paulo, onde desenvolve um trabalho não só com atletas profissionais, mas também em projetos sociais. “Foram muitos anos treinando, ensinando, formando atletas com o pouco que eu tinha. E agora, estar numa competição adulta, representando o Brasil como técnica, mostra que todo esse caminho valeu a pena”, disse.
Natural de Santa Mariana, interior do Paraná, Daniela começou no tênis de mesa ainda criança, com 6 anos e, aos 15, já sabia que queria ser técnica. No entanto, precisou abrir mão da sua vida no interior do Paraná para ir atrás do sonho na modalidade em São Paulo.
“Foram muitos julgamentos, portas fechadas, gente duvidando da minha capacidade. Eu precisei provar constantemente que tinha competência, que o meu trabalho era sério. Muitas vezes me senti sozinha, mas nunca deixei de acreditar que uma mulher no esporte também pode liderar, ensinar e transformar”, disse.
De acordo com a técnica, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa tem aberto espaço para a liderança feminina por meio de iniciativas que vem formando novas técnicas na modalidade. “Acho que a CBTM tem se comprometido a ampliar esse espaço para meninas e mulheres, hoje temos cerca de 500 treinadoras nas categorias de base”, disse.
Mesmo sem ter realizado o sonho de disputar uma edição de Jogos Olímpicos como atleta, a técnica sente orgulho por ter treinado o paratleta Paulo Salmin em Paris 2024. Ela sonha em continuar ajudando a formar atletas e pessoas dentro e fora do esporte.
“Quero seguir sendo ponte. Quero retribuir de alguma forma, quero deixar um legado que vá além das mesas. E quem sabe… pensar, sim, em uma Olimpíada. Mesmo que esse sonho tenha mudado de forma hoje, como técnica ele ainda vive em mim”, contou.
“Mas, independentemente de onde eu estiver, quero seguir com o mesmo propósito: transformar vidas através do esporte, como o esporte transformou a minha”, disse.