Pai-treinador e filho-atleta falam sobre relação dentro e fora das quadras do tênis de mesa
Mineiros compartilham paixão pelo esporte na família e sonham com o alto rendimento

Das arquibancadas os olhares e registros de um pai atento. Leopoldo Ramos, conhecido como Popó, tinha um sonho: o de treinar o próprio filho. O desejo virou realidade logo com o primogênito. E, há pouco mais de oito anos, ele também assumiu a dupla função com Pedro Ramos, natural de Belo Horizonte (MG).
Perto de fazer 17 anos, o jovem atleta disputa os Jogos da Juventude pela quarta vez. Devido à idade, essa é a última participação dele na competição e se diz contente em ter o pai dando apoio no esporte e na vida.
“É muito bom ter um pai treinador, pois ele está sempre por perto nas competições, me ajudando. No começo foi difícil lidar com as cobranças, mas fomos conversando e ajustando o processo, o que melhorou a nossa relação. Ele me apoia em tudo na vida, mas no esporte ele se doa bastante. Por conta desse contato maior que tenho com ele, consigo me abrir muito mais e me sentir mais acolhido nos momentos difíceis”, disse Pedro.
Emocionado, Leopoldo lembrou de muitas pessoas que o incentivaram no esporte, como o técnico Celso Toshimi, de Joinville. Por também ser pai, Popó tenta separar as funções na hora dos treinamentos que, por sinal, acontecem na garagem da própria casa. Tudo para manter o sonho de chegar ainda mais longe por meio do esporte. O técnico também não poupou elogios ao filho e destacou os desafios dessa parceria.
“Não temos o piso e equipamentos mais adequados, mas tento oferecer o melhor que posso. Tenho que motivar, treinar e substituir basicamente uma equipe, então fica muito difícil. Por outro lado, tudo o que acontece na vida do Pedro, as conquistas, vitórias em campeonatos locais e até nacionais, é mérito dele. Ano passado tive um problema de saúde e ele teve que superar a minha ausência, mas isso o fortaleceu. Sinto-me um privilegiado e muito amado pelo meu filho. Ele me ensina demais”, compartilhou Leopoldo com os olhos cheios de lágrimas.
Na seleção feminina de tênis de mesa do Mato Grosso do Sul, Gianni de Arruda também é técnico da filha. Ele treina Juliene, de 15 anos, na Escola Estadual Coronel Juvêncio, onde também é professor de Educação Física. Juntos participam pela primeira vez de uma edição dos Jogos da Juventude.
“Ser técnico dela é maravilhoso, mas primeiro vem a relação de professor e aluna. Isso ajuda bastante, porque no dia a dia eu tenho mais tempo com ela e melhora o convívio. Por onde eu viajo Juliene está comigo e quando permitem acompanhante, também levo minha esposa. Então acaba ficando tudo em família”, contou Gianni.
“É muito bom ser treinada pelo meu pai. Estar com ele aqui vivenciando essa competição, que é muito organizada, e oferece tudo para nós atletas, é muito legal. Espero continuar praticando tênis de mesa e evoluir na modalidade para, quem sabe, competir no alto rendimento”, concluiu Juliene.
Tênis de Mesa nos Jogos da Juventude
As disputas por equipe no feminino e masculino tiveram início na manhã desta quarta-feira, 6, no ginásio Estação Cidadania, em Ribeirão Preto. À tarde os atletas participaram da competição no individual. Na quinta-feira, 7, serão realizadas as finais por equipe, a partir das 8h30.