Luiza D’Angelo ganha bronze enquanto estuda para o Enem
Atleta se divide entre treinos e rotina escolar; patinação ganha 3 medalhas em Assunção

Um olho nos Jogos Sul-americanos e outro na biologia. Foi assim que Luiza D'Angelo passou os últimos dias.
Enquanto se preparava para a disputa da competição continental pelo Time Brasil, a jovem de 17 anos também estudava para um outro desafio: uma prova importante do colégio na próxima sexta-feira.
Atleta de alto rendimento da patinação artística, ela também é aluna do terceiro ano do ensino médio e se dedica para tirar boas notas não só na quadra.
Em Assunção, Luiza cumpriu a missão e levou o Brasil ao pódio: bronze no programa livre, com 125.38. Medalhista de prata nos Jogos Sul-americanos da Juventude 2022, ela disputou sua primeira competição multiesportiva na categoria sênior.
“Foi muito tenso. As meninas que estavam competindo comigo eram muito mais velhas. Eu estava em quinto lugar no programa curto (no domingo, nota 47.58) e hoje fui quarta (programa longo, nota 77.80). Na combinação dos resultados, consegui ficar com o bronze e estou muito feliz”, afirmou a atleta, que teve de segurar a ansiedade para esperar pelas notas das concorrentes.
Para chegar até o pódio dos Jogos Sul-americanos, Luiza enfrentou uma rotina intensa. A jovem é aluna do colégio Fórum Cultural, em NIterói (RJ), onde tem aulas em período integral pelo menos duas vezes por semana. Nesses dias, entra na van escolar às 6h20, estuda das 7h às 17h10 e depois treina até às 21h.
Normalmente, tem simulados para o vestibular às sextas-feiras. Quando as provas convencionais são marcadas para esse dia, o simulado é transferido para domingo. Em meio a tudo isso, ela ainda treina e compete.
“É muito cansativo. Esse é meu sétimo campeonato no ano, estou sempre viajando e tentando acompanhar a escola. Minhas faltas são justificadas, e muitos professores me ajudam passando conteúdo, mas é difícil”, afirmou.
Luiza tenta correr atrás das matérias perdidas assistindo a vídeoaulas no YouTube e lendo textos. Antes, costumava carregar livros e cadernos para os campeonatos. Agora, concentra tudo no tablet. Em Assunção, dava uma espiada nos conteúdos enquanto descansava no hotel ou cumpria longos trajetos de ônibus.
“Eu perdi toda a matéria para essa prova. Apesar de não ter muito tempo livre normalmente, o pouco que tenho tento usar para estudar”, disse.
Luiza quer prestar vestibular e cursar alguma faculdade relacionada ao esporte, mas ainda não definiu qual. Por enquanto, o foco é ir bem no Enem e se formar no ensino médio –ela disputará o Mundial júnior poucos dias antes de prestar o exame nacional, em novembro.
A técnica Karen Fritsch, que treina Luiza em seu clube, diz que a atleta é “um exemplo”.
“Ela estuda mesmo e corre muito atrás. É uma das melhores alunas da sala dela. Mudo minha vida toda para adequar minha agenda aos horários de treinos dela, que se alteram bastante por conta dos compromissos escolares. Faço isso porque ela merece”, disse.
Nesta segunda, dia 3, na arena em Assunção, enquanto suas companheiras de equipe iniciavam a competição, Luiza fazia a maquiagem na arquibancada. Entre um ajuste e outro, torcia a cada acrobacia.
A primeira medalha do Brasil logo saiu com Bianca Ameixeiro, que levou a prata na dança solo ao marcar 119.97. Stela Rocha, outra brasileira em ação, marcou 91.68 e ficou em sexto lugar.
“Foi muito bom. Cada vez que entro nessa quadra é uma sensação diferente e uma competição diferente. Ver que o trabalho do ano todo está dando resultado, ver progresso, é bem legal”, disse Bianca.
Na primeira disputa masculina, na dança solo, Erik Leite também conquistou a prata com 117.30. Leonardo Machado Azambuja terminou a disputa em quinto lugar, com 88.79. Na rotina livre, Erik voltou a ficar em segundo lugar, com 176.90.
"Não foi perfeito, mas gostei da minha apresentação. Me diverti", afirmou Erik.