Logo

Daniel Cargnin é prata e Shirlen Nascimento conquista bronze no Campeonato Mundial de Judô, em Budapeste

Primeiras medalhas saíram neste domingo, 15, com grandes campanhas dos brasileiros na principal competição da modalidade

Por Comitê Olímpico do Brasil

15 de jun, 2025 às 17:43 | 3 de leitura

Compartilhe via:

Shirlen e Daniel conquistaram as primeiras medalhas do Brasil no Mundial de Judô. Foto: Beatriz Riscado/CBJ

A seleção brasileira de judô estreou o pódio do Campeonato Mundial da modalidade disputado em Budapeste, Hungria, com duas medalhas conquistadas neste domingo, 15, terceiro dia de competição. Daniel Cargnin sagrou-se vice-campeão mundial no peso leve masculino (73kg), enquanto a estreante Shirlen Nascimento faturou a medalha de bronze no peso leve feminino  (57kg). 

 

Daniel começou o dia com vitória segura contra o alemão Igor Wandtke, projetando o adversário duas vezes para marcar um waza-ari e finalizar com o ippon. Na segunda rodada, eliminou o montenegrino Jahja Nurkovic com um waza-ari e avançou às oitavas-de-final, onde encarou seu algoz de Paris 2024, Akil Gjakova, do Kosovo. 

 

Bem na estratégia, Daniel conseguiu neutralizar Gjakova e impôs um ritmo intenso de ataques, forçando três punições para garantir a revanche. 

 

Gabi-Juan-World-Championships-Seniors-IndividualsTeams-2025-2025-380175.jpg
Daniel Cargnin bateu Akil Gjakova, do Kosovo, em revanche de Paris. Foto: Gabi Juan/EJU

 

Nas quartas-de-final, a chave continuou oferecendo grandes desafios ao brasileiro, que precisou passar pelo japonês Tatsuki Ishihara, prata no último Mundial. Mais uma vez, Cargnin mostrou que estava atento e preparado, marcando um yuko a dez segundos do fim do combate e controlou a vantagem para garantir-se na semifinal. 

 

Na penúltima luta do dia, o brasileiro manteve o estilo agressivo e não deu espaço para o sérvio Bajsangur Bagajev atacar. Na tática, Daniel encaixou golpes em sequência, defendeu uma chave de braço e conseguiu forçar três punições ao sérvio para avançar, pela primeira vez, à final do Campeonato Mundial. 

 

Na decisão, Daniel encarou o francês Joan-Benjamin Gaba, medalhista de prata no individual e grande destaque na vitória da França sobre o Japão na final olímpica por equipes mistas, onde Gaba bateu o campeão olímpico Hifumi Abe.

 

Daniel, no entanto, tinha retrospecto favorável, vencendo o francês no Mundial de 2024. A luta seguiu muito equilibrada e sem pontuação no tempo regulamentar. Com sangramento na cabeça, Daniel precisou ser atendido duas vezes e retornou ao tatame com a cabeça enfaixada. E, dessa vez, Gaba conseguiu encaixar surpreender o brasileiro e o projetou ao solo, marcando o waza-ari no golden score para conquistar o título mundial.  

"A gente costuma dizer que o Mundial, às vezes, é até mais difícil que a própria Olimpíada, porque pode dobrar (atletas) em algumas categorias. Mas, em relação a Los Angeles, acho que agora é manter o pé no chão. No ciclo passado, quando eu medalhei no Mundial, eu já pensei ‘vou medalhar na Olimpíada também`, estava pensando muito no futuro e acabava não aproveitando o presente. Agora, é aproveitar essa medalha de prata. Lógico, acabei de perder a final, mas estou muito feliz pela postura que eu tive no tatame, a cabeça, me manter resiliente. As derrotas não podem ser o fim do mundo e as vitórias não podem ser o motivo de parar de treinar. Vou botar a cabeça no lugar para tentar ajudar a equipe o máximo possível na disputa por equipes", avaliou Cargnin, que voltará ao tatame no dia 20 para o Mundial por Equipes Mistas.

 

 

Shirlen Nascimento leva bronze em seu primeiro Mundial

Shirlen Nascimento, representante do Brasil no peso leve feminino (57kg), categoria que teve Rafaela Silva como titular há mais de uma década, não sentiu o peso da estreia em Campeonato Mundial e desbancou grandes favoritas no caminho até o bronze. 

"Eu peguei uma chave dura, mas todo mundo me deu as dicas do que fazer, pareceu até que foi um pouco fácil. Eu venho me esforçando muito e uma hora o resultado vem. Estou num momento muito, melhorando a cada dia, tendo muita ajuda. Desde criança eu acompanhava a história da Rafaela, então para mim é uma honra poder estar representando essa categoria, pelo menos dar um pouco de orgulho do que ela já fez por nós", comentou. 
 

 

A começar pela vitória surpreendente na primeira luta contra a atual campeã mundial e vice-olímpica, Mimi Huh, da Coréia do Sul, que caiu num golpe rápido de pernas da brasileira. Waza-ari e vaga nas oitavas-de-final para Shirlen contra Yu-Chieh Yang, de Taiwan. Novamente, a novata brasileira marcou um waza-ari e garantiu-se nas quartas-de-final para enfrentar um desafio maior contra a japonesa Momo Tamaoki, que acabou imobilizando a brasileira e venceu o combate. 

 

Mas, a judoca brasileira seguiu concentrada e buscou a recuperação na repescagem com um ipponzaço contra a número 6 do mundo, Marica Perisic, da Sérvia, e chegou à sua primeira disputa de medalha em uma competição mundial. 

 

No último duelo do dia, Shirlen enfrentou Maysa Pardayeva, do Turcomenistão, e dominou o combate. Marcou um yuko a poucos segundos do fim, mas a arbitragem de vídeo retirou a pontuação após verificar que a brasileira havia tocado com a mão na perna da adversária. A luta recomeçou e Shirlen atacou com a mesma técnica, mas sem cometer o erro anterior, projetou Pardayeva ao chão marcando um yuko, no golden score, e garantindo sua primeira medalha em Mundiais. 

 

_S_C4911-1750010247-1750010247.jpeg
Shirlen Nascimento venceu Maysa Pardayeva, do Turcomenistão, na disputa de bronze do Mundial de judô. Foto: Emanuele di Feliciantonio/IJF

 

Shirlen Nascimento tem 25 anos e é natural de Toledo (PR), onde iniciou o judô na Associação de Judô Ricardo Santos, com o sensei Ricardo. Foi se destacando em competições da base e desenvolvendo seu judô em grandes centros, como o Centro de Excelência de Bastos (SP), do sensei Uichiro Umakakeba, passou por São Caetano do Sul (SP), representou o Minas Tênis Clube (MG) e, atualmente, é atleta do SESI-SP.

 

Em 2024, ela foi convocada pela Confederação Brasileira de Judô para compor o time de apoio da seleção olímpica, atuando como sparring de treinos da campeã olímpica e mundial, Rafaela Silva, que lutará o Mundial nesta segunda, 16, motivada pelo ótimo resultado de sua pupila. 
 

"É muito gratificante poder contribuir numa conquista tão importante na vida de outro de atleta. Poder passar para eles o que passaram para mim quando eu cheguei à seleção brasileira é muito importante e é o que o judô transmite pra gente. Estou muito feliz com o feito da Shirlen", disse Rafa. 
 

No quarto dia de Mundial, o Brasil terá, além de Rafaela, os judocas Luan Almeida (81kg), Gabriel Falcão (81kg) e Nauana Silva (63kg) em ação a partir das 6h (Brasília), com transmissão ao vivo e gratuita do Youtube do Time Brasil. 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS