Com evolução em relação a 2018, COB aprova desempenho em Pequim 2022
Jogos Olímpicos de Inverno trouxeram estreias em novas provas e em uma modalidade, aumento no número de largadas, grande participação feminina e resultados históricos
O objetivo do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para os Jogos
Olímpicos Pequim 2022 era claro: evoluir em relação à última participação. E
isso foi confirmado em diversos aspectos: em estreias, em número de provas e
largadas e no desempenho final em várias modalidades. O último grande resultado
veio justamente na última prova. O quarteto do bobsled ficou entre os 20 melhores
do mundo e conseguiu, depois de cinco participações em Jogos Olímpicos, disputar
a final neste domingo, 20, dia da Cerimônia de Encerramento. A estrutura
oferecida aos atletas e o empenho deles em todas as disputas também foram
motivo de elogio do COB.
“Eu estive na China e pude ver o nível de organização da Missão Brasileira
liderada pelo chefe de missão Anders Pettersson e os colaboradores do COB.
Também pude ver o talento e o esforço de 11 atletas da delegação para levarem a
bandeira do Brasil também aos Jogos Olímpicos de Inverno. Não quero ser injusto
com o trabalho de ninguém, mas tenho que destacar a atleta de esqui
cross-country Jaqueline Mourão, com suas oito participações olímpicas em Jogos
de Inverno e de Verão. Como um campeão olímpico, só posso aplaudir essa atleta
incrível e versátil. Meus parabéns a todos os atletas brasileiros que honraram
a participação brasileira em Jogos de Inverno iniciada em Albertville 1992”,
disse Rogério Sampaio, diretor-geral do COB.
Em número de provas, superamos em muito Pyeongchang 2018: foram 12 agora contra
07 na Coreia. Apesar do número de atletas menor, disputamos apenas uma prova a
menos que em Sochi 2014. Em número de largadas, foram 14 – tivemos duas atletas
nas mesmas duas provas do esqui cross-country -, um recorde. Em Pyeongchang
foram 7 e em Sochi 13. Importante destacar que metade dessas 14 largadas foram
de mulheres, algo inédito.
Outro ponto importante a destacar nessa campanha dos Jogos de Inverno foi a
estreia na modalidade de skeleton e que tivemos representantes brasileiros nas
provas de esquiatlo e sprint por equipes do esqui estilo cross-country e de
moguls no esqui estilo livre pela primeira vez. Manex, que disputou o esquiatlo,
se tornou o primeiro brasileiro a participar de quatro provas na mesma edição
de Jogos Olímpicos de Inverno. Destaque para a participação no Sprint em que
foi o melhor sul-americano da prova e, com 171.68 pontos FIS, bateu recorde de
pontos do Brasil na modalidade em Jogos Olímpicos (superando Jaqueline Mourão
em 2010 na prova de Distance).
Ainda em termos de desempenho, outras estreantes brilharam. Com o 26º lugar,
Sabrina Cass se tornou a melhor sul-americana da história na prova de moguls em
Jogos Olímpicos. Nicole Silveira foi ainda mais longe. Com o 13º lugar, é
agora, a melhor latino-americana da história no skeleton em Jogos Olímpicos. Em
termos de posição final, este também foi o segundo melhor desempenho do Brasil
em Jogos de Inverno (atrás apenas do 9º lugar de Isabel Clark no snowboard
cross em Turim 2006) e o melhor da história do Brasil em esporte no gelo.
“Saímos daqui com a sensação de dever cumprido. Realmente, é um investimento
pro futuro. Os atletas de menos de 20 anos ainda não atingiram o seu ápice e
vão estar melhor ainda em Milão-Cortina 2026. Fazer um atleta de alto nível é
um trabalho de formiguinha e acredito que o COB e as Confederações de Gele e
Neve estão investindo da maneira certas nos atletas que merecem”, analisou Anders
Pettersson, chefe da Missão Pequim 2022.
Mas não foram só as novatas que brilharam. Jaqueline Mourão chamou a atenção do
mundo ao se tornar a atleta mais olímpica da história do Brasil com 8
participações em Jogos Olímpicos, superando nomes como Formiga, Robert Scheidt
e Rodrigo Pessoa. Ela esteve em Atenas 2004, Pequim 2008 e Tóquio 2020 no
ciclismo MTB e Turim 2006, Vancouver 2010, Sochi 2014 (nessa também disputou o
biatlo), Pyeongchang 2018 e Pequim 2020 no esqui cross-country.
“A estrutura oferecida aos atletas e os serviços que os chineses colocaram à
disposição dos envolvidos nos Jogos foram de um nível muito alto. E isso trouxe
muitos resultados positivos para o Brasil. Podemos que dizer que a campanha em
Pequim 2022 foi histórica por diversos motivos. Então, eu, como Chefe de
Missão, não poderia estar mais satisfeito”, completou Pettersson.
Um ponto importantíssimo é que houve uma grande renovação nessa delegação.
Foram quatro atletas com 23 anos ou menos, idade limite para disputar o
Pan-americano Júnior, por exemplo: Eduarda Ribera, 17 anos, Sabrina Cass e
Manex Silva, de 19 anos, e Michel Macedo, de 23. Ainda teve o reserva de
Michel, Valentino Caputi, de 17 anos.
Vale destacar também que o Brasil, de fato, esteve representado nos Jogos.
Atletas das regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Sul competiram Pequim 2022.
Manex Silva nasceu em Rio Branco, no Acre; Michel Macedo, em Fortaleza, no
Ceará; Edson Bindilatti, em Camamu, na Bahia; Nicole Silveira, em Rio Grande,
no Rio Grande do Sul; e outros 6 atletas em cidades da Região Sudeste. Apenas
Sabrina Cass nasceu fora do país, em New Haven (EUA).
Em relação à Covid, os dois atletas, Erick Vianna (bobsled) e Michel Macedo
(esqui alpino), que testaram positivo na chegada, cumpriram todos os
protocolos, o que exigiu um grande esforço de toda a equipe para organizar
transporte, acomodação e alimentação individuais para cada um deles,
conseguiram sair do isolamento e competir. Mas mais importante que isso, estão
voltando para casa saudáveis.
“A segurança contra a Covid dentro da bolha foi muito grande. E, por isso,
conseguimos cumprir com os dois objetivos da área médica. Um é deixar o atleta
com saúde, apto a competir. Mesmo com os percalços tanto Erick quanto Michel
disputaram provas em Pequim. Mas também garantir que vão retornar aos seus
países com saúde, sem nenhum sintoma, e todos os membros estão voltando assim.
Então, a Missão cumpriu com êxito esses dois quesitos”, disse Felipe Hardt,
chefe-médico da Missão Pequim 2022.
Pequim 2022 foi a nona participação brasileira em Jogos de Inverno, iniciada em
Albertville 1992. Contando com essa edição, o Brasil teve 40 diferentes atletas nos Jogos Olímpicos de Inverno, sendo 13 mulheres, em nove
modalidades: biatlo, bobsled, esqui alpino, esqui cross-country, esqui estilo
livre, luge, patinação artística, skeleton e snowboard.