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Assunção 2022

Thiago Felix se recupera por ouro em Assunção e convoca crossfiteiros para o levantamento de peso

Atleta da categoria até 61kg começou na ginástica artística e passou pelos boxes de crossfit antes de conhecer o esporte olímpico. Natasha Rosa (49kg) conquista prata

Por Comitê Olímpico do Brasil

2 de out, 2022 às 10:28 | 4 min de leitura

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No primeiro movimento, um erro assustou. Mas Thiago Felix se recuperou prontamente, com a versatilidade de quem um dia foi ginasta e atleta de crossfit. Neste domingo (2), o atleta da categoria até 61kg conquistou o primeiro ouro do Brasil no levantamento de peso nos Jogos Sul-americanos Assunção 2022. Comemorou e espera que sua trajetória ajude a popularizar o esporte no país.

No Pavilhão 1 do Parque de Deportes SND, Thiago não conseguiu encaixar a primeira pegada no arranque. Mas ainda havia tempo no cronômetro, e o técnico Dragos Stanica o incentivou a tentar novamente. Em questão de segundos o atleta recuperou o foco e fez o movimento perfeito. 

Nas seis tentativas entre arranco e arremesso, Thiago teve apenas uma invalidada. Terminou a disputa com 271kg (122kg + 149kg) e, diante dos erros do colombiano Habib de las Salas de la Rosa, celebrou o primeiro lugar no pódio.

“Não esperava pela medalha de ouro. Estava esperando o segundo lugar porque o colombiano é um atleta muito forte. Mas hoje as coisas estavam a meu favor e o ouro veio. Logo no primeiro movimento não sei o que aconteceu, mas era o primeiro e tinha muito chão pela frente. Tive que me recompor, voltar, e em menos de cinco segundos fazer de novo. Ali já começou a adrenalina para levar até o final da competição.”, disse Thiago. 

Thiago Felix em ação no arranque. Foto: Helena Rebello/COB

Natural de Bauru, Thiago começou no esporte aos seis anos, por vontade própria, na ginástica artística. Quando tinha 13 anos, o local em que treinava ficou sem técnico para a equipe masculina. E um ex-treinador, que havia investido em um box de crossfit, o convidou para uma aula experimental. 

Com 1,55m e muita consciência corporal, Thiago se desenvolveu rapidamente no novo esporte. Chegou a se classificar, ainda adolescente, para o Crossfit Games, mas não conseguiu competir por ter o visto para os Estados Unidos negado duas vezes. Desanimou por um momento diante da frustração, mas buscou forças para seguir treinando e viu novas portas se abrirem.

Serafim Veli, atleta do levantamento de peso, deu um curso da modalidade para os praticantes do box de crossfit onde Thiago treinava. Viu que o rapaz tinha jeito e o convidou para treinar com foco em competir no Campeonato Brasileiro de 2017. Com bons resultados de cara, Thiago migrou de vez para o esporte olímpico. 

“Eu não sabia, mas no crossfit já fazia os movimentos. Lá arranco é chamado de snatch, e clean jerk é o arremesso. O Serafim achou que eu tinha futuro e me convidou. Treinei três meses, fui campeão brasileiro sub-17, sub-20 e adulto. Fiz índices, fui para outros eventos... E agora é construir o caminho até Paris”.

Com uma trajetória de sucesso ainda aos 21 anos, Thiago torce para que sua história inspire mais brasileiros praticantes de crossfit e ajude a popularizar também o levantamento de peso.

“Graças ao crossfit o levantamento de peso cresceu muito. Técnicos e professores de LPO conseguem dar cursos nos boxes, apresentam o esporte, e mostram o que é vivenciar esse esporte olímpico. Quem tiver vontade de fazer como eu, de competir aqui também, será bem vindo. A casa está aberta”.

Natasha Rosa conquista prata emocionante

Quem também encontrou no crossfit um ponto de virada foi Natasha Rosa. Em um momento de incertezas na carreira, a atleta fluminense conheceu o esporte e ganhou motivação para continuar em busca da vaga olímpica para Tóquio 2020.

“Chegou uma época da minha carreira em que eu não sabia muito bem o que fazer e tive um sonho de um box de crossfit, e um amigo me chamou no dia seguinte para ir. Chegando ao local eu tive a certeza de que seria um local onde eu faria treinamentos auxiliares. Nós montamos um projeto bem legal rumo às Olimpíadas, e hoje eu vejo o quanto o crossfit abre as portas. Quantos atletas estão surgindo. Minha grande adversária hoje, a Luiza Dias, além da minha irmã (Emily), veio do crossfit. Enquanto a gente não se organiza com polos, clubes, da forma que tem que ser, o cross está sanando essa nossa dificuldade.”

Neste domingo, Natasha protagonizou um dos momentos mais emocionantes do dia de competições no levantamento de peso. A brasileira liderou a disputa no arranque (84kg) da categoria até 49kg. No arremesso, errou as duas primeiras tentativas, mas superou a pressão para erguer 102kg (186kg no somatório), que lhe renderiam a prata. A venezuelana Katherin Zarate levantou 104kg na última tentativa, chegou a 187kg na soma e levou o ouro.

“Eu vim para essa competição com expectativas altas. Na hora da entrada eu dei uma desconcentrada, que é algo que não costuma acontecer comigo. Vou tirar isso como aprendizado para a próxima competição. Também nunca tinha acontecido de eu errar as duas primeiras e acertar de terceira. É mais uma coisa nova na minha carreira. São 12 anos de treino, e isso acontecer pela primeira vez agora, estou até no bônus. Aconteceu o que tinha que acontecer. Me entreguei de corpo e alma.”

Josué Lucas supera corte de peso e é bronze


Na categoria até 73kg, Josué Lucas faturou a medalha de prata. O resultado foi conquistado apesar do enorme desgaste na perda de peso final, tendo que cortar quatro quilos de sábado para domingo. Ele terminou a competição com 290kg no somatório, sendo 130kg no arranco e 160kg no arremesso. O venezuelano Julio Mayora foi o campeão com 311kg no total.

“Fiquei muito feliz, mas não fiquei satisfeito. Poderia ter feito muito mais, mas esse foi o corte de peso mais difícil que eu fiz. Minha competição foi antecipada em um dia, e aí tive que mudar minha programação para o corte de peso. Fiquei correndo no sol, pedindo a Deus para me ajudar a baixar os últimos 500 gramas.”

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