Homenagem a Oscar Schmidt emociona plateia do Prêmio Brasil Olímpico 2019
Jogador de basquete com mais pontos em Jogos Olímpicos foi homenageado por representar valores como eficiência técnica e física, espírito coletivo e dedicação

Uma bela homenagem marcou o Prêmio Brasil Olímpico 2019.
Oscar Schmidt, o Mão Santa, foi agraciado com o Troféu Adhemar Ferreira da
Silva, em evento realizado na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, na noite
desta terça-feira (10), por sua dedicação incansável ao aperfeiçoamento dos
fundamentos, por sua eficiência técnica e física e pelo espírito coletivo,
valores que marcaram as carreiras do jogador de basquete e do saltador.
“Sou um brasileiro, um grande brasileiro. Parece que a história premia quem se esforça.
Quero homenagear aqui o meu parceiro de basquete e de vida, Marcel de Souza.
Tivemos nossa vitória inesquecível naquele pan-americano (Indianápolis 1987),
um bando de loucos treinado pelo gênio Ary Vidal. Tenho que homenagear também o
Claudio Mortari, com quem ganhei quase todos os títulos. E, por último,
agradecer a pessoa mais linda que já vi, a minha menina, Maria Cristina
Schmidt, que está há 44 anos junto comigo”, discursou o emocionado Oscar.
O “Mão Santa” nasceu em Natal, em 16 de fevereiro de 1958, mas passou por
Brasília e São Paulo e entrou para a história do esporte olímpico nacional nos
Estados Unidos. Diferentemente de muitos atletas do basquete que se dedicam à
NBA, principal liga da modalidade no mundo, Oscar se recusou a jogar o campeonato
para poder continuar defendendo a seleção brasileira. Até 1989 apenas amadores
poderiam jogar os torneios de seleções. E foi assim que, ao lado de Marcel,
Guerrinha, Gérson, Israel, Amaury e outros grandes nomes, liderou o Brasil em
um dos maiores feitos da seleção masculina de basquete: o ouro nos Jogos
Pan-americanos em Indianápolis 1987 vencendo os americanos por 120 a 115, de
virada. Era a primeira vez que os EUA perdiam um jogo em casa.
“Tenho um orgulho danado de ter ganhado, foi realmente uma conquista imensa.
Cinco anos depois, os Estados Unidos jogavam com o Dream Team e não tenho
dúvidas de que nós contribuímos muito para a mudança das regras”, comentou.
Mas esse é apenas um dos feitos de Oscar. Ele disputou os Jogos Olímpicos de
Moscou 1980, Los Angeles 1984, Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996. E é o
recordista de participações na modalidade, com cinco, ao lado do porto-riquenho
Teófilo Cruz e do australiano Andrew Gaze. A boa estatura (2,05m de altura) e o
talento para jogar basquete, aliados à dedicação e ao profissionalismo,
permitiram ao brasileiro ser o cestinha dos Jogos em 88, 92 e 96, um recorde.
Mais do que isso, tem o feito de ser o maior cestinha da história das
Olimpíadas com 1.093 pontos. Ninguém acertou mais cestas de dois pontos, de
três pontos e em lances livres em Jogos Olímpicos que ele. Em Seul, Oscar se tornou o maior cestinha de uma partida de Jogos Olímpicos ao
assinalar 55 pontos contra a Espanha e conseguiu a impressionante média de 42,3
pontos por jogo, recorde até hoje. Vale destacar que em 88 o ala já tinha 30
anos.
Filho de militar, Oscar sempre foi incentivado a praticar esportes. Mas a bola
laranja não foi sua primeira escolha, o esporte preferido era o futebol. O
basquete só entrou na vida do craque quando se mudou para Brasília, aos 13
anos de idade, e ingressou no Clube Unidade Vizinhança, primeiro clube
dele, treinado por Laurindo Miura. Em 1974, aos 16 anos de idade, Oscar foi
para São Paulo, para iniciar sua carreira no infanto-juvenil do Palmeiras.
Apenas 3 anos depois, foi eleito melhor pivô do sul-americano juvenil e,
com isso, garantiu vaga na seleção principal, com a qual foi
campeão sul-americano e ganhou uma medalha de bronze no campeonato
mundial das Filipinas, em 1978.
Oscar jogou 11 temporadas na Itália, de 82 a 93, 8 pelo Juvecaserta e 3 pelo
Pavia, onde anotou 13.957 pontos, se tornando o primeiro jogador a ultrapassar
a marca de 10 mil pontos no Campeonato Italiano. A passagem foi tão marcante
que Oscar teve seus números nos clubes aposentados: o 18 do Juvecaserta e o 11
do Pavia. Mas em 84 quase foi parar nos Estados Unidos. O desempenho dele nos
Jogos de Los Angeles foi tão marcante que o New Jersey Nets, de Nova York,
tentou contratá-lo após o torneio. Já a passagem pela Espanha, no Forum
Valladolid, após Barcelona 1992, rendeu um livro chamado "Jugar como
Oscar", do escritor Felix Angel. No Brasil, ainda passou por Corinthians,
Bandeirantes, Mackenzie novamente, até se aposentar no Flamengo, em 2003.
O Troféu Adhemar Ferreira da Silva vai se juntar a uma grande lista de
homenagens que Oscar já recebeu. Ele foi nomeado um dos 50 Maiores Jogadores de
Basquete da História pela FIBA em 1991. Em agosto de 2010, foi incluído no Hall
da Fama da FIBA, em reconhecimento ao que jogou em competições internacionais.
E em 2013, Oscar, mesmo sem nunca ter atuado na NBA, colocou seu nome no Hall
da Fama do Basquete dos EUA.
Ao lado de Oscar, receberam o Troféu Adhemar Ferreira da Silva nomes como
Jackie Silva, Lars Grael, Bernardinho, Guga Kuerten, Vanderlei Cordeiro de
Lima, Torben Grael, Hortência, Bernard Rajzman, Eder Jofre, Joaquim Cruz, Aída
dos Santos, Agberto Guimarães, Maria Lenk e Nelson Prudêncio, dentre outros.
“Fazer parte desse grupo de grandes atletas, grandes personagens do esporte, me faz muito feliz. Quem diria que eu ia chegar nesse ponto? Só tenho a
agradecer ao COB e a todos que me indicaram a esse prêmio. Muito obrigado”,
disse Oscar que, com 49.737 pontos, é o maior pontuador da história do
basquete, superando o americano Kareem Abdul Jabbar.