Com ouros de Gabriel Falcão e Guilherme Schimidt, judô chega a 10 medalhas em Santiago 2023
Destaque para dobradinha de ouro e prata no 73kg com Daniel Cargnin; medalhista olímpica Ketleyn Quadros fatura bronze em seu primeiro Pan

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Brasil teve mais um dia dourado no judô em Santiago 2023. Depois de faturar quatro ouros no primeiro dia da modalidade nos Jogos Pan-americanos, neste
domingo, 29, foi a vez de Gabriel Falcão Lira (73kg) e Guilherme Schimidt
(81kg) se sagrarem campeões no Centro de Esportes de Contato, no Parque Estádio Nacional.
As medalhas foram ainda mais significativas porque Daniel Cargnin (73kg) fez
uma dobradinha de ouro e prata com Gabriel e Schimidt e enfrentou o ginásio inteiro,
incluindo o Presidente Gabriel Boric, torcendo a favor do adversário dele, o
chileno Jorge Pérez.
"A torcida contra só me motivou mais a trazer essa medalha para o Brasil. É um adversário que já tinha vencido em outra ocasião. Estava há pouco tempo
fazendo um treinamento de campo no Minas Tênis Clube e sempre treinei muito
bem com ele. Então, sempre ficava na dúvida se estava guardando alguma
coisa, se estava me estudando. Mas não economizo em treino, treinava forte com ele e acho
que o Jorge sentiu meu ritmo de luta”, disse o “leãozinho" Schimidt, que dedicou
o ouro para a mãe Deusélia, apontando para uma tatuagem em seu peito.
“A tatuagem eu fiz ano passado no aniversário dela: uma leoa e um leãozinho.
Ela é minha amiga, psicóloga, sempre me ajudando a chegar na minha melhor
versão. Fazia muito tempo que ela não assistia uma competição minha presencialmente.
Queria muito conquistar esse ouro e poder dedicar essa vitória para ela, que se
mudou para Belo Horizonte comigo para viver esse sonho olímpico. É muito
gratificante ter ela aqui e fico feliz de ter cumprido o objetivo”, completou.
O outro ouro do dia marcou também a conquista da 100ª medalha do Brasil em Santiago 2023, com Gabriel Falcão (73kg). O jovem que se classificou para essa
edição de Jogos Pan-americanos por ser campeão do Pan Júnior Cali 2021 não
precisou lutar a decisão, já que o adversário, o medalhista olímpico Daniel
Cargnin, sentiu uma lesão na semifinal e foi poupado.
"Senti um pouco o tornozelo na semifinal. Enquanto tava quente, pensei
'não vou perder essa semifinal de jeito nenhum'. Depois fui sentindo mais um
pouco. Mas estou muito feliz com essa dobradinha. O judô tem uma
responsabilidade importante no quadro de medalhas do Brasil e acho que
estamos cumprindo bem o nosso papel. E amanhã vamos fechar com chave de ouro o
individual", disse Cargnin.
A última medalha do dia veio com Ketleyn Quadros. Dona da primeira medalha olímpica feminina
em esportes individuais, o bronze em Pequim 2008, a brasiliense nunca havia
disputado uma edição de Jogos Pan-americanos. E, logo na primeira, deu a volta
por cima na derrota na semifinal para Isabelle Harris, do Canadá, para vencer a colombiana Cindy Mera com um waza-ari e garantir o lugar no pódio.
“Para mim é super especial. Apesar de ter uma bagagem bem grande na
modalidade, foram meus primeiros Jogos Pan-americanos e ter essa oportunidade
de estar competindo e sair com a medalha, mesmo sabendo da adversidade, a
concorrência que a competição tem, me deixa muito feliz. Foi desgastante chegar
aqui e, sair com a medalha, é uma resposta positiva do trabalho. Entendo que é
como se fosse uma palhinha para os Jogos Olímpicos de 2024, por toda essa
dinâmica, todo esse cenário”, analisou Ketleyn.
Além dela, Alexia Castilhos (70kg) e Luana Carvalho (70kg) também disputaram a
medalha de bronze, mas foram superadas, respectivamente, por Celinda Corozo
(Equador) e Elvismar Rodriguez (Venezuela) e acabaram na quinta colocação.
Ambas terão a oportunidade de voltar à competição ainda em Santiago 2023 na
disputa por equipes. A novidade em Jogos Pan-americanos será realizada na
próxima terça-feira, dia 31.
“É um novo formato, primeira vez que vai ter a competição por equipes. É muito
importante para casos como esses, em que acabamos deslizando na competição
individual. Eu ainda posso sair com uma medalha. Então, pretendo voltar mais
forte, levantar a cabeça e dar o meu melhor para que o Brasil saia daqui com
essa medalha”, disse Luana.
Com o desempenho dos dois primeiros dias, o judô brasileiro se aproxima de seu
melhor desempenho na história dos Jogos Pan-americanos. Na edição Guadalajara
2011, o país conquistou seis ouros, três pratas e quatro bronzes, totalizando 13
medalhas.
O judô encerra a competição individual em Santiago 2023 nesta segunda, 30, com
as disputas das categorias meio-pesado e pesado tanto no feminino quanto no
masculino e a categoria médio masculina. O Brasil estará representado por Eliza
Ramos (78kg), Samanta Soares (78kg), Beatriz Souza (+78kg), Rafael Macedo
(90kg), Kayo Santos (100kg), Leonardo Gonçalves (100kg) e Rafael Silva
(+100kg).