Voando para Los Angeles
Com bons resultados no skate park, Gui Khury começa a somar pontos no ranking atrás do sonho olímpico

Julio Detefon_ Red Bull Content Pool
A lista é digna de nota:
• Atleta mais jovem da história a competir nos X-Games.
• Primeiro skatista a completar um 1080° – três giros completos no ar.
• Medalhista de ouro mais jovem da história dos X-Games na categoria masculina.
Estes feitos estão registrados no Livro dos Recordes e pertencem a um brasileiro de 16 anos: Gui Khury, promessa do skate nacional. “É muito louco! Ver meu nome com três recordes no Guinness... dá um orgulho enorme, é irado. Mas eu também encaro como uma responsabilidade, de continuar evoluindo e representando bem o skate brasileiro”, diz o curitibano. Isso sem falar no absurdo que foi a nota 98 tirada em março, com uma sequência de aéreos de 720º e 900º, finalizando com um 720º de base trocada no STU de Porto Alegre, quando ficou com o ouro. Igualou a pontuação de ninguém menos que Bob Burnquist. “É surreal! O Bob sempre foi uma das minhas maiores inspirações. Saber que conquistei uma nota que me coloca ao lado de um ídolo como ele é uma honra gigante. Me motiva a continuar treinando e evoluindo, porque sei que ainda tenho muito o que aprender e conquistar”, conta Gui.
Os bons resultados são fruto de uma paixão que vem desde a infância. “Desde muito pequeno o skate já fazia parte da minha vida. Comecei a andar com 4 anos e com 5 já me arriscava em manobras mais difíceis”. Com o amor pela brincadeira, a diversão logo mostrou um caminho para o futuro. “Com o tempo fui percebendo que eu podia ir além, fazer manobras que ninguém da minha idade fazia”, percebeu. Com o apoio dos pais, Gui começou a se inscrever em campeonatos e logo os resultados vieram. “Isso fez eu me apaixonar cada vez mais pelo skate. Comecei a levar a sério e sonhar com isso para a minha vida.”
No último domingo, dia 8 de junho, Gui conseguiu um importante resultado para suas aspirações atuais. Na abertura do circuito mundial de Park de 2025, o skatista encaixou um 900° durante sua volta no park e conquistou o bronze World Cup Rome, em Ostia. Nada mal para quem, na verdade, é o atual campeão mundial de vertical. Foi a primeira vez que Gui terminou no top 3 de um evento que soma pontos na corrida olímpica. “Eu tenho o sonho de representar o Brasil nas Olimpíadas. Como o vert ainda não entrou no programa olímpico, quero conquistar minha vaga através do park”, explica. Gui conta que andar de park é algo que ele sempre fez, mas estar em alto nível é uma preocupação mais recente. “É outra modalidade, outro tipo de adaptação, mas sinto que estou evoluindo cada vez mais. Espero continuar nessa evolução e estar entre os melhores do mundo”, afirma.
Estar entre os melhores, neste caso, é também estar entre amigos. Contemporâneo e conterrâneo de Augusto Akio e Luigi Cini, Gui Khury curte a chance de estarem próximos. “Cara, o Luigi e o Japinha são meus parceiros desde o início. Crescemos juntos, nós três somos de Curitiba, então já treinamos muito, foram diversas viagens. Claro que na hora da competição cada um quer dar o seu melhor, mas a gente torce um pelo outro, dentro e fora da pista. Acho que isso é uma das coisas mais legais do skate: a vibe de respeito e amizade, mesmo quando a gente está disputando vaga no maior evento do mundo”, comemora.
Por enquanto, Gui ainda concilia a vida de skatista profissional com as obrigações de um estudante do ensino médio. “É puxado, não vou mentir. Tem dia que é aula de manhã, treino à tarde. Viagem, competição... Mas eu tento organizar bem meu tempo. Minha escola entende minha rotina e me ajuda muito”, revela.
Tem valido a pena. A transição do vertical para o park começa a dar resultados já no início do ciclo olímpico e a vaga para 2028 se mostra viável. “Sinceramente, eu sabia que ia precisar me dedicar muito, mas estou feliz por já estar colhendo resultados. Ganhar o STU em Porto Alegre e fazer o 900° em Roma foram marcos importantes para mim. Acho que vem muita coisa boa pela frente”, torce, ao mesmo tempo que não se impõe nenhuma obrigação. Afinal, tudo começou como brincadeira e foi o amor por aquela diversão que trouxe Gui até o momento atual. “Não quero colocar muita pressão nos próximos eventos. Quero competir o máximo possível, ganhar experiência e somar pontos importantes no ranking. Vou seguir tranquilo para colher os frutos nos próximos anos. Ainda falta muito para Los Angeles. Meu foco agora é treinar e evoluir”, esclarece.
Mas de 900° em 900°, Gui acaba chegando lá. Voando.