COB orienta meninas e lança cartilha sobre equidade de gêneros nos Jogos da Juventude
Ações fazem parte de uma série de iniciativas da área Mulher no Esporte no evento multiesportivo

A organização dos Jogos da Juventude Aracaju 2022 quer descobrir campeões, mas sabe que para isso é necessário fornecer todas as ferramentas para que os jovens se desenvolvam da melhor forma possível na prática esportiva. Assim, o Comitê Olímpico do Brasil, através da ex-velejadora e medalhista de prata em Pequim 2008, Isabel Swan, coordenadora da área Mulher no Esporte da entidade, desenvolveu um programa especial para as meninas presentes na capital sergipana.
“Estamos fazendo o lançamento da cartilha de equidade, que foi desenvolvida em conjunto com a ONU Mulheres através do programa Uma Vitória Leva a Outra e também com o Instituto Olímpico Brasileiro. Ali tratamos de conceitos. O que é equidade, o que é igualdade. O que é gênero”, conta Isabel.
Atrás desses conceitos iniciais, a ideia é provocar reflexão em todos os atletas que recebem o material no kit de boas-vindas. “Desta vez trouxemos dois temas para compartilhar com atletas e treinadores. Na cartilha falamos da evolução da mulher no esporte e da importância de pensarmos nos papéis de gênero e assim promover ações de equidade para efetivamente chegar na igualdade em todos os âmbitos esportivos”, explica Isabel. Para além de captar meninas que possam se interessar por diferentes modalidades, a busca pela equidade pensa em toda a cadeia. “Sejam gestoras, treinadoras ou atletas. Queremos promovendo um esporte seguro, inclusivo, positivo que motive cada vez mais a prática entre meninas e mulheres”, esclarece.
Assim, é muito útil a concentração de cerca de 2000 mil meninas adolescentes reunidas para os Jogos. “Sabemos que aqui é um ponto de propagação de conhecimento. Um evento desses marca a vida de uma atleta para sempre. O conhecimento que ela adquire aqui ela pode aplicar dentro da sua família. Nós falamos de equidade de gênero, um tema tão importante e ela vai refletir ‘o que eu posso fazer pra promover esta equidade na minha família, no meu meio esportivo?’”, torce Isabel.
E, claro, questões de saúde estão presentes. “Temos também o “Saúde da Mulher”. Trouxemos médicas ginecologistas específicas do esporte para compartilhar este conhecimento. A gente sabe que o Brasil é diverso e nem todas as meninas e mulheres que estão aqui competindo têm acesso a ginecologista, ainda mais alguém da ginecologia do esporte. Então trouxemos este serviço para que elas possam tirar dúvidas, conversar e aprender através de vídeos educativos e contato direto com a médica”, conta. Tudo isso visa a permitir que essas jovens tenham ao seu dispor o máximo de informação possível. “Manuseio de objetos, métodos contraceptivos, tudo está presente. Sabemos que conhecimento é empoderamento para a mulher. E o corpo é nossa ferramenta de trabalho quando a gente fala de esporte. Então quanto mais as atletas ganharem este conhecimento, mais forte elas estão para competir”, afirma.
Para melhorar a inserção e a permanência de meninas e mulheres no ambiente esportivo, é necessário modificar o cenário social e efetivamente criar mais oportunidades de inclusão para que elas tenham mais estruturas, recursos e representações esportivas adequadas aos seus contextos, corpos e realidades. “Entendemos que gênero é uma construção social de papéis determinados. A gente não pode cair em estereótipos de gênero. Porque o esporte é para todos, todas, todes. Para todas as pessoas. O esporte é isso: inclusão e direitos humanos. Isso que estamos mostrando na cartilha”, encerra Isabel.