Camisa 9 de berço: filha de Washington ‘Coração Valente’ é um dos destaques do vôlei de Sergipe nos Jogos da Juventude
Sob olhares do pai famoso, equipe de Catharina Cerqueira venceu o Acre por 2 a 0 (25x13 e 25x13) na estreia da terceira divisão da modalidade

Na numerologia, o 9 é um número que, por sua natureza,
representa o fim de ciclos e preparação para um novo começo. E, coincidentemente,
é um número que representa uma ligação familiar muito grande, especialmente em
relação à prática esportiva. Catharina Cerqueira, camisa 9 da seleção feminina
de vôlei de Sergipe nos Jogos da Juventude Ribeirão Preto 2023, pode ser um nome
que passa despercebido à maioria dos amantes de esportes, mas se colocarmos o
apelido ao lado, a situação já começa a mudar.
Catharina “Coraçãozinho Valente” é filha do ex-atacante Washington “Coração
Valente”, que brilhou com a 9 de algumas camisas pesadas do futebol brasileiro
como Fluminense e Athletico Paranaense, entre outras, e dá os primeiros passos
em sua carreira como atleta de vôlei. Na estreia da seleção de Sergipe na terceira
divisão da modalidade nos Jogos da Juventude, a ponteira teve a torcida do pai
famoso, atual secretário executivo de esportes do Sergipe, nas arquibancadas do
Ginásio Poliesportivo da Universidade Estácio de Sá.
“Cheguei essa madrugada e vou tentar acompanhar todos os esportes com atletas
do Sergipe nessa segunda fase dos Jogos da Juventude. Coincidentemente, o
primeiro evento era o jogo de vôlei da equipe feminina, que conta com minha
filha no time. Eu brincava de vôlei antes de seguir para o futebol, que sempre
foi minha paixão. A Catharina também é alta como eu e sempre foi apaixonada por
vôlei”, disse Washington.
A ponteira sergipana, que não gostou muito de sua atuação na vitória por 2 a 0
(25/13 e 25/13) sobre o Acre, contou que ter o pai na torcida gerou um
sentimento dúbio nela.
“Ter meu pai na arquibancada dá mais motivação para jogar e fazer tudo certo,
mas também coloca um pouco de pressão porque ele foi um grande atleta. Acho que
eu poderia ter ido melhor no jogo, mas tentei dar meu melhor o tempo todo”, disse
Catharina, de apenas 16 anos.
O orgulhoso pai, que passou grande parte do jogo na arquibancada filmando o
desempenho da filha, ressaltou importância do esporte na família “Coração
Valente” e insistiu que não foi ele quem obrigou Catharina a seguir na prática
do vôlei.
“Eu fico nervoso (com ela em quadra), nessa hora o coração não fica valente,
não”, disse rindo Washington. “A ida dela para o esporte foi natural. Acho que
foi mais pelo exemplo. Todos gostam de um esporte diferente. O menino é do
futebol, a outra filha do beach tennis e ela, no vôlei. Nós sempre incentivamos
que nossos filhos seguissem na prática de um esporte, que é muito importante
para a vida, para a formação de cidadãos. Acredito que a educação e o esporte
são transformadores”, contou.
Washington teve sua trajetória marcada pela superação de problemas de saúde. Seis
anos depois de ser diagnosticado com diabetes, um exame revelou que
uma de suas artérias estava praticamente obstruída e que ele corria sério risco
de sofrer um infarto. Submetido a cirurgias de cateterismo e angioplastia, foi
aconselhado a abandonar o futebol. Em 2004, pouco menos de um ano após a
cirurgia cardíaca, marcou 34 gols no Brasileirão e quebrou o recorde de gols
marcados em uma única edição do campeonato.
Desde então, passou a comemorar seus gols batendo com a mão no peito, gesto que
se tornou característico e lhe rendeu o apelido de Coração Valente. Catharina
comemorou seus pontos mais com gritos do que com batidas no peito, mas sabe o que
o pai representa.
“Eu vejo meu pai como uma grande inspiração como atleta, por ser muito
guerreiro e focado quando jogava. Ele se superou várias vezes e, também por
isso, adoro ser filha dele. Hoje eu uso a 9 por causa dele”, contou.