Uma Missão 100% feminina

Um dia, uma menina de doze anos chamada Mariana, que adorava esportes e levava o irmão mais novo para as aulas de judô, resolveu que queria experimentar a modalidade. O local onde o irmão praticava era quase um Clube do Bolinha, cheio de meninos. Mas Mariana era decidida, resolveu encarar o desafio e se juntou às duas únicas meninas da academia.

O tempo passou, o irmão desistiu e a menina persistiu. Primeiro vieram as competições. Depois, as medalhas. Mariana viu de perto o machismo. Mas também conheceu a disciplina, o respeito, a perseverança, muitos amigos e lugares mundo afora. Com o judô, a menina cresceu como atleta, como mulher, cresceu como gente. Aprendeu a cair (e como caiu!) e a levantar.

Foi a primeira atleta mulher a competir pelo judô do tradicional Esporte Clube Pinheiros, que hoje tem uma das mais fortes equipes femininas do Brasil. Se formou em Educação Física, se pós graduou em Judô e em Treinamento Esportivo. É mestre em Ciência da Motricidade Humana.

Mariana foi treinadora de seleções de base do Rio de Janeiro e do Brasil. Mais do que ter levado algumas atletas ao pódio sul-americano ou pan-americano, se orgulha de ter tido a oportunidade de mostrar a elas que todas têm capacidade, são inteligentes, fortes, e que podiam ser o que quisessem, bastava trabalhar para isso.

A menina tinha um sonho profissional - Trabalhar no Comitê Olímpico do Brasil (COB). Depois da transição de atleta para treinadora, veio a transição de treinadora para gestora esportiva no Comitê Organizador dos Jogos Pan-americanos Rio 2007. Integrou também o Comitê de Candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Teve o orgulho de ser gerente geral dos Jogos Paralímpicos na sua cidade.

Hoje, a menina é uma mulher, chamada de Mariana Vieira de Mello. Eu sou esposa, mãe de dois filhos, profissional, gerente de desempenho esportivo do COB. No dia 09 de março de 2019, logo após o Dia Internacional da Mulher, eu embarco para os Jogos Sul-americanos de Praia em Rosário, na Argentina, na função de Chefe da Missão brasileira. Com mais oito mulheres, formamos a primeira Missão do COB totalmente liderada por mulheres.A menina cresceu!

E a mulher que me tornei continua na luta para fazer as meninas acreditarem que podem ser o que quiserem.