Destaque da ginástica rítmica em Aracaju 2022, Maria Eduarda Alexandre integra o programa Conexão Santiago
Com três ouros nos Jogos da Juventude, paranaense participa de ações de desenvolvimento
“O destaque que estou tendo até me faz sentir, não diria orgulhosa, mas satisfeita com todo meu caminho até o juvenil”, diz a paranaense Maria Eduarda Alexandre, ouro na ginástica rítmica nos Jogos da Juventude Aracaju 2022 no arco, nas maças e por equipes. Uma declaração madura de uma atleta às portas de competir na categoria adulto. Mas que ninguém se engane: ela tem apenas 15 anos.
Maria Eduarda já está garantida nos Jogos Pan-americanos Santiago 2023 pelo ouro que conseguiu nos Jogos Pan-americanos Junior em Cali, Colômbia, ano passado. “Eu sabia que a primeira classificação no geral daria uma vaga nominal (em que o atleta garante a vaga para si e não para o país). Tentei não colocar muita pressão em mim, mas me preocupei em fazer o melhor que eu pudesse fazer”, lembra a atleta.
Com passagem garantida para o Chile, foi a vez de o Comitê Olímpico do Brasil entrar em campo para ajudar com as ferramentas que tem disponíveis. “Criamos no COB o programa Conexão Santiago para potencializar o suporte aos campeões de Cali que conquistaram suas vagas para os Jogos Pan-americanos de Santiago. Buscamos trabalhar de forma integrada com as Confederações na definição do plano de desenvolvimento e do suporte individualizado que será fornecido pelo COB de acordo com a necessidade que cada atleta possui para atingir sua melhor condição esportiva”, explica Kenji Saito, diretor de Desenvolvimento e Ciências do Esporte do COB.
Tem mesmo sido uma jornada e tanto para quem tentou até as artes maciais quando era uma criança pequena. “Se eu não tivesse conhecido a ginástica, talvez estivesse na prática de um esporte, mas sem alto rendimento”, imagina Maria Eduarda. “A ginástica mudou meu jeito de pensar”, garante. Mas vai além disso. A performance esportiva em alto nível que Maria Eduarda tem apresentado nos últimos dois anos, para ela, deve obrigatoriamente ser aliada a uma expressão artística. “Ginástica rítmica é extremamente bonito de assistir e isso fez eu me apaixonar. Não é só um esporte, é mais que isso”, analisa. Tanto que a paranaense ainda encontra tempo para fazer balé três vezes por semana, outra paixão sua.
“Antes eu via a ginástica como uma chance de fazer algo que eu gostava. Agora eu vejo como um trabalho que eu amo e que faz bem para a minha vida. Me dá flexibilidade, força em vários músculos diferentes”, resume a ginasta, que se dedica a uma rotina de cinco horas diárias de treinamento seis vezes por semana. “E perto de competições treino oito horas em dois períodos”, revela.
Uma parte deste treinamento foi feita em Aracaju, em diferentes ocasiões, no Centro de Treinamento da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica, em programas organizados pelo Comitê Olímpico do Brasil. E já contou, por exemplo, com Mariya Pancheva, diretora do comitê técnico da Bulgária e membro do comitê técnico da Federação Internacional de Ginástica e Maryana Pamukova, treinadora da atleta Boryana Kaleyn , 5° lugar no individual geral em Tóquio 2020. “As búlgaras têm uma escola de ginástica com um trabalho diferente do nosso. Foi muito importante para eu aprender coisas novas. E minha técnica (Solange Paludo) estava comigo. Então todo este conhecimento seguiu conosco”, explica.
É justamente este o plano do COB em ocasiões como a proporcionada à Maria Eduarda. “Acreditamos no potencial dela e é bom e é bom que a Maria Eduarda esteja no Conexão Santiago. Porque imaginamos que isso vá facilitar o processo de transição dela do junior para a categoria adulta”, destaca Kenji. A caminhada tem sido com passos seguros até aqui. E a expectativa da ginasta é avançar mais no Chile e sentir de novo algo que experimentou na Colômbia. “Quando cheguei em Cáli, vesti o uniforme da delegação escrito ‘Time Brasil’... fiquei com aquela sensação boa e só pensava que não queria que fosse a última vez que tivesse esta chance”, conta.
Certamente ela vai saborear isso de novo e possivelmente em instâncias maiores. “Espero que um dia eu esteja nas Olimpíadas. Acho possível para Los Angeles 2028. Talvez lá eu esteja mais preparada para este nível de competição”, pondera Maria Eduarda, ciente de que no esporte de alto rendimento, não convém queimar etapas e o amadurecimento vem às custas de muito treino e aperfeiçoamento. “Quando acontecerem os Jogos em 2024 estarei apenas no meu segundo ano de categoria adulta. Mas Paris não seria uma ideia ruim. De jeito nenhum”, sorri Maria Eduarda, que tem os sonhos de uma atleta promissora. E de uma menina de 15 anos.