Programa MIRA – Mentoria para Treinadoras encerra segunda edição com encontro presencial no CT do COB
Vinte e uma treinadoras participaram da formação que busca desenvolver e fortalecer a presença feminina no esporte de alto rendimento

Foto: Grazie Batista/ COB
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) realizou, do dia 31 de novembro a 2 de dezembro, o segundo encontro presencial do Programa MIRA – Mentoria de Treinadoras, iniciativa organizada pela área Mulher no Esporte do COB. O encontro também marcou o encerramento da segunda turma do programa e foi realizado no Centro de Treinamento do Time Brasil, no Rio de Janeiro. Nesta edição, o número de treinadoras passou de dez, em 2024, para vinte e uma, o que indica o crescimento do interesse por ações de equidade de gênero como essa.
Indicadas pelas confederações brasileiras olímpicas, o programa busca desenvolver treinadoras, assistentes e auxiliares técnicas integrantes das comissões técnicas das seleções brasileiras, para fortalecer a presença feminina no esporte de alto rendimento. Foram oito meses de programa que contaram com mentorias on-line, presenciais, vivências práticas e dois encontros presenciais realizados no CT do Time Brasil.
“Foi um desafio novo para mim, mas extremamente prazeroso vivenciar o crescimento, o amadurecimento e o aprendizado das treinadoras. A identificação mútua é inevitável. É como navegar de volta nas suas próprias experiências e conseguir se avaliar, se conhecer mais também. Muitas vezes trocávamos ali funcionava quase como uma orientação sobre o que eu mesma não fiz. Eu adoraria ter tido essa experiência enquanto ainda estava no ‘front de combate’”, disse Martha Rocha, treinadora olímpica de vela.
Há seis anos como treinadora, Rosane Budag, mentorada por Martha, exalta a formação recebida no programa. “O MIRA foi um divisor de águas na minha vida, porque ele me trouxe ferramentas que antes eu não tinha. Principalmente na parte de gestão emocional, de autocontrole e de aprendizado com as demais treinadoras. Eu já inseri muita coisa no meu dia a dia como treinadora. Em 2016, eu não imaginava que seria a treinadora que sou. E hoje eu sou muito mais completa por conta desse projeto”, afirma Rosane, atleta olímpica na Rio 2016 e hoje treinadora da seleção júnior do Brasil.

A programação do segundo encontro presencial incluiu módulos que envolvem desde práticas corporais, Carreira e Redes de Suporte, Mentoria e até Encontro com Gestoras do COB, um momento de troca direta com lideranças femininas da instituição. As treinadoras realizaram pitches de apresentação e participaram de um bate-papo sobre desafios do sistema esportivo, estratégias de sobrevivência, caminhos para transformações estruturais e a importância da construção de redes de apoio.
“Algumas coisas a gente não consegue medir com o número, mas consegue visualizar na mudança de postura da treinadora. Quando, por exemplo, ela começa a ser convocada para novas competições que antes não estava sendo. O ambiente não muda, mas a postura dessa treinadora muda e, portanto, influencia no ambiente. Essa é a mágica do MIRA”, afirma Martha Rocha,
Foi o caso da Miriam Parga, treinadora de seleção brasileira de boxe de base, que destacou a visibilidade que o programa deu para a sua carreira. “A partir do momento que eu comecei a participar do MIRA, eu comecei a ser chamada para participar de eventos, eu tive uma visibilidade muito maior. E ano que vem vou me mudar para São Paulo para ser treinadora oficial”, conta.

O último dia de encontro foi dedicado aos encontros finais de mentoria, seguidos por uma avaliação coletiva e individual do programa.
“A mentoria individual, eu acho que é um ponto muito importante e crucial no desenvolvimento de uma treinadora. No grupo, você pode até trazer problemas e questões, mas a mentoria individual vai a fundo. A Marta, minha mentora, foi como um norte e um farol na minha vida profissional”, conta Rosane.
Além disso, as participantes compartilharam percepções sobre os aprendizados e a evolução durante todo o processo de formação da segunda edição do programa, que teve início em abril deste ano.
“Foi a experiência mais importante da minha carreira. Foi onde eu me desenvolvi como pessoa, como mulher e como profissional. Sou outra mulher, com outro pensamento e posicionamento”, afirma Miriam.
Por fim, Rosane exaltou a importância de ter ferramentas para a formação das treinadoras. “Para estar completa como treinadora ou como gestora ou qualquer outra área, uma mulher precisa ter ferramentas. E nada melhor do que ter outras mulheres que já passaram por esse processo, que entendem a nossa realidade”, conclui Rosane.












