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Judoca supera perda do pai, derrota Rafaela Silva e rouba a cena no Grand Slam de Brasília

Ketelyn Nascimento conquista a prata na competição, maior feito da carreira da atleta de 21 anos. Brasil fatura nove medalhas, sendo duas de ouro

Por Comitê Olímpico do Brasil

6 de out, 2019 às 17:09 | 3 min de leitura

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O primeiro dia do Grand Slam de Brasília foi cheio de medalhas para o Brasil: nove, sendo duas de ouro, quatro de prata e três de bronze. Os grandes destaques foram os nomes da nova geração. Daniel Cargnin, 21 anos, campeão no meio-leve masculino; Larissa Pimenta, 20, vice-campeã no meio-leve feminino; e William Lima, 19, terceiro lugar na categoria leve. Mas ninguém teve tanto destaque quanto Ketelyn Nascimento. Aos 21 anos, a judoca conseguiu o maior feito da carreira ao derrotar a campeã olímpica e favorita ao título, Rafaela Silva.

“É o meu primeiro Grand Slam e conseguir esse vice-campeonato foi ótimo. É um feito imenso ganhar de uma campeã olímpica. A Rafaela é uma grande adversária, pela qual tenho total respeito”, disse Ketelyn, que no ano passado, no Troféu Brasil Interclubes, depois de um Golden Score de mais de cinco minutos, conseguiu o golpe perfeito sobre a mesma adversária.

“Não tem receita para ganhar da Rafaela. E se tem, não sei a fórmula ainda. O que me ajudou nessa conquista foi a força de vontade, e ter muita cabeça. Se eu tivesse perdido o foco no intervalo entre as lutas, não teria chegado tão longe. Na final, faltou um pouco da pegada. Não consegui ‘subir a mão’ e me perdi um pouco durante a luta”, comentou a judoca, que foi derrotada pela britânica Nekoda Smith-Davies, oitava colocada no ranking mundial.

“É muito bom você ver que a nova geração do judô brasileiro está crescendo, evoluindo. Essa já é a minha segunda derrota para a Ketelyn. Serve também de alerta para aprender com os erros. Quando tropeçamos, acabamos levantando mais forte. Meu objetivo era estar entre as melhores da competição e consegui”, disse Rafaela Silva, que se recuperou da derrota para Ketelyn na semifinal ao derrotar a portuguesa Telma Monteiro na disputa pelo bronze.

Mas a história dessa medalha poderia ter sido totalmente diferente se as sábias palavras de Dona Telma, diarista e mãe de Ketelyn, não tivessem mudado a trajetória da judoca. Aos 11 anos, Ketelyn perdeu o pai e, com ele, a vontade de estudar e de praticar esporte.

“Eu já fazia judô há seis anos e comecei a estagnar. Queria parar com o judô, queria parar com a escola. Ficava pensando o porquê daquilo ter acontecido comigo. E aí minha mãe falou assim: se você ficar olhando para o passado, você não vai enxergar o futuro, muito menos o presente. E foi aí que eu comecei a querer investir mais no esporte e na educação”, disse Ketelyn, que começou no judô aos cinco anos.

“Mas os resultados só começaram a aparecer mesmo quando eu fui pro Projeto do Centro de Excelência que tem no Ibirapuera e comecei a treinar mais forte. Foi quando disputei minha primeira Seletiva Nacional em 2013 e fui bem. Liguei para minha mãe e falei que precisava de um quimono novo. Ela deu um jeito e arrumou o dinheiro para fazer tudo. Minha mãe sempre me ajudou muito”, agradeceu Ketelyn.


Quem também dedicou a medalha à mãe foi Daniel Cargnin. Outro jovem, de 21 anos, que chegou ao lugar mais alto do pódio da categoria depois de vencer um adversário direto por uma vaga nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, Charles Chibana, nas quartas de final.

“Tive um problema na costela, foi um período difícil e as pessoas que estavam comigo passaram uma energia positiva. Minha mãe estava na arquibancada e, mais do que eu, merecia essa sensação. Eu sabia que enfrentaria adversários duros, mas a forma como consegui me comportar na competição foi o mais importante para, daqui em diante, conseguir resultados ainda mais expressivos”.


Além da prata de Ketelyn, do bronze de Rafaela Silva e do ouro de Cargnin, o Brasil faturou medalhas de ouro com Allan Kuwabara (60kg); pratas com Gabriela Chibana (48kg), Larissa Pimenta (52kg) e Eric Takabatake (60kg); e bronzes com Eleudis Valentim (52kg) e William Lima (66kg), de apenas 19 anos.

Nesta segunda, 7, a fase preliminar começa às 10h e as finais têm início às 16 horas. O Brasil terá no tatame Marcelo Contini (73kg), Eduardo Barbosa (73kg), David Lima (73kg), Jeferson Santos Jr (73kg), Eduardo Yudy Santos (81kg), Victor Penalber (81kg), Guilherme Guimarães (81kg), Guilherme Schimidt (81kg), Alexia Castilhos (63kg), Ketleyn Quadros (63kg), Mariana Siva (63kg), Ryanne Lima (63kg), Maria Portela (70kg), Ellen Santana (70kg), Amanda Oliveira (70kg) e Luana de Carvalho (70kg).

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