Em prova marcada pela superação, Michel Macedo representa Brasil no esqui alpino em Pequim 2022
Brasileiro fez boa primeira descida, ficou na 37ª colocação entre 88 competidores, mas cometeu um erro na segunda e não conseguiu completar a prova

Superação
é a palavra que define a participação de Michel Macedo em Pequim 2022.
Surpreendido por um teste positivo para Covid-19 na chegada à capital chinesa,
o cearense, de 23 anos, ficou isolado por uma semana, até que conseguiu o tão
esperado teste negativo na véspera da competição e poder marcar seu nome novamente
na lista de atletas olímpicos ao participar da prova de slalom, do esqui alpino,
nesta quarta-feira, 16. Na primeira descida, Michel marcou 59.88, ficando na
37ª colocação entre 88 competidores. Na segunda, cometeu um erro e não
conseguiu terminar. Mas a presença dele entre os 88 atletas da disputa já é
motivo de comemoração.
“Obviamente, fiquei desapontado com o resultado da segunda corrida, errei e não
consegui terminar, mas no geral estou feliz de ter conseguido a oportunidade de
competir depois dessa confusão toda por conta da Covid. É tirar o que eu posso
dessa prova, pensar positivo, sabendo que posso esquiar bem e olhar pra frente”,
disse Michel
“Na segunda descida, eu larguei e não consegui entrar no meu ritmo. Na terceira
porta meu esqui derrapou no gelo e não consegui fazer a quarta porta. Tive que
sair da pista e foi bem desapontador. Estava mais confiante do que na primeira,
em que fui mais conservador para poder garantir a segunda descida, ia me soltar
um pouco mais, mas é assim que acontece nesse esporte”, comentou.
A competição foi realizada no Centro Nacional de Esqui Alpino, situado na área
montanhosa de Xiaohaituo, no noroeste de Yanqing. Quase 50% dos atletas (43 de
88) não concluíram as duas descidas. Essa não foi a primeira vez que Michel
sofreu um revés em Jogos Olímpicos e conseguiu se recuperar a tempo de carimbar
sua participação. Em Pyeongchang 2018, ele sofreu uma lesão em um treinamento
na véspera da competição, já na Coreia do Sul, perdeu a prova do slalom super
gigante, mas largou em a de slalom e slalom gigante, se tornando oficialmente
atleta olímpico.
“Eu acho que as minhas duas últimas participações foram difíceis, com lesão em
Pyeongchang e com Covid aqui. Vou continuar ralando por pelo menos mais uma
temporada, tentando evoluir meu nível de esqui e analisar de um ano para o
outro. Se eu estiver vendo uma progressão boa, vou tentar ir pra Milão também. Tenho
bastante trabalho para fazer, vou me dedicar muito e, se conseguir me classificar,
quero ir pra brigar por uma boa classificação”, contou.
Michel vive há duas décadas nos Estados Unidos, onde cursa a faculdade de
economia. Para o futuro próximo, pretende continuar defendendo o Middlebury
College. “Tenho muitas competições nessa temporada. Vou voltar pros Estados Unidos e
continuar disputando as competições do Circuito Universitário e, talvez, participar
do Campeonato Nacional dos Estados Unidos. Tentar baixar meus pontos FIS e me
posicionar o melhor possível no ranking para a temporada que vem”.
O Time Brasil em Pequim 2022 conta com 11 atletas, sendo um reserva: além da
equipe de bobsled composta por Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna,
Rafael Souza e Jefferson Sabino (reserva); tem também Michel Macedo, do esqui
alpino; Jaqueline Mourão, Eduarda Ribera
e Manex Silva, do esqui cross-country; Sabrina Cass, do esqui estilo livre
moguls; e Nicole Silveira, do skeleton. Sabrina encerrou sua participação na26ª colocação, melhor sul-americana da história na prova de moguls, e Nicoleem13º, segundo melhor desempenho do Brasil em Jogos Olímpicos de Inverno, e são
as únicas, além de Michel, que já se despediram de Pequim 2022.
Pequim 2022 é a nona participação brasileira em Jogos de Inverno, iniciada em
Albertville 1992. Até esta edição, 35 atletas do Brasil, dez mulheres, em oito
esportes (esqui alpino, bobsled, esqui cross-country, luge, snowboard, biatlo,
esqui estilo livre e patinação artística), participaram da competição.