Beisebol do Brasil chega à final histórica com talento, união e vitórias sobre potências da modalidade
Seleção abriu a Vila ao lado de Rebeca Andrade e equipe de ginástica. Após 11 dias, time saiu do anonimato e virou xodó de toda a delegação

A seleção brasileira de beisebol foi a primeira a entrar na Vila Pan-americana Santiago 2023, no dia 16, de forma discreta. Afinal, na ocasião também chegaram as equipes de saltos ornamentais e ginástica artística. Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Arthur Nory e companhia roubaram a atenção e foram o foco dos pedidos de entrevistas e posts nas redes sociais. Onze dias depois, o time se prepara para a final inédita contra a Colômbia, às 15h deste sábado, 28, com transmissão ao vivo do Canal Olímpico do Brasil.
Além de uma medalha histórica, o beisebol do Brasil conquistou o respeito e a torcida de toda a delegação. “O que esses garotos estão fazendo é algo fantástico que já está guardado como um dos grandes destaques dessa edição dos Jogos Pan-americanos. O time de beisebol se tornou o xodó da delegação brasileira”, disse Rogério Sampaio, chefe de Missão do Brasil.
Nesta sexta-feira, dia 27, a Seleção foi derrotada pelo México por 5 a 1 pela rodada final do Super Round. A partida serviu para rodar o time, descansando os titulares e dando maior ritmo aos reservas, já que o grupo já estava classificado para a final contra a Colômbia, que venceu o Panamá por 2 a 1 nesta sexta.
Na campanha fantástica dos Jogos Pan-americanos até aqui, a equipe alcançou vitórias sobre potências da modalidade. Logo na primeira rodada, a contra a Venezuela por 3 a 1, a partida foi acompanhada por outros atletas e comissões técnicas através do telão montado pelo COB na área de convivência da Missão.
Após a estreia pelo grupo B, o Brasil superou a Colômbia por 8 a 7; e no jogo final da primeira fase mostrou que poderia brigar mesmo por medalha ao ganhar de Cuba por 4 a 2. A esta altura, os meninos do beisebol já haviam se tornado os xodós da delegação brasileira na Vila Pan-americana. Já na segunda fase, o Super Round, o Brasil venceu Panamá por 5 a 3 e encaminhou a classificação para a final.
Victor Coutinho, o melhor rebatedor da seleção nos Jogos, se lembra bem da chegada à Vila. “Foi incrível chegar na Vila e ver aqueles atletas conhecidos juntos de nós e depois disso essa campanha que está mostrando a qualidade do beisebol brasileiro”, disse o defensor interno, nascido em Marília (SP).
A Seleção começou a treinar especificamente para o Pan em março. Os atletas se reuniam pelo menos uma vez no mês em campings organizados pela Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol. “A gente deixou família e amigos nesses momentos, o que não é uma coisa fácil. Sem dúvida, cada um sabe o quanto ralou e conquistou para chegar até aqui tão bem”, disse Coutinho.
A Seleção Brasileira mescla atletas jovens, que ainda precisam de outras profissões para conseguir treinar e jogar o beisebol, e outros que já se profissionalizaram e seguiram para ligas maiores, como Felipe Natel, o principal arremessador titular do time, que está há mais de uma década no Japão.
“Eu jogo em uma liga de muita pressão. Então tenho bastante experiência em jogos decisivos como será a final contra a Colômbia. Mesmo antes de chegar ao Chile a gente já tinha o objetivo de ganhar medalha. Não viemos aqui pra fazer história, pra que se lembrem do nosso nome, viemos pra subir ao pódio. O time jogou todas as partidas bem focado contra equipes com mais tradição do que nós, mas a confiança no trabalho feito no Brasil é grande”, disse Natel.
Nas 19 edições dos Jogos Pan-americanos em que o beisebol do Brasil participou, nunca chegou ao pódio. O melhor resultado havia sido um quinto lugar.
“Eu jogo com alguns atletas dessa Seleção desde os seis anos de idade. Mais da metade aqui cresceu junta, é quase uma família. Isso vai fazer a diferença na final. Nós vamos vencer e levar essa medalha de ouro pra casa”, garantiu o craque do time.