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Aída dos Santos

Aída dos Santos

modalidade

Atletismo

data e local de nascimento

01/03/1937

Rio de Janeiro , Brasil

BIOGRAFIA

Apesar da luta e do pioneirismo de muitas representantes do sexo feminino, na delegação brasileira dos Jogos Tóquio 1964 havia apenas uma mulher. Negra, criada na favela e sem apoio algum, Aída dos Santos superou desafios fora das pistas para chegar à capital japonesa e obter o melhor resultado de uma mulher na história olímpica brasileira até então: quarto lugar no salto em altura. Antes dela, apenas Piedade Coutinho, quinto lugar nos 400m medley em Berlim 1936, já havia disputado uma final.

Ao entrar no avião rumo ao Japão, Aída escrevia seu nome como a terceira negra a defender o Brasil em Jogos Olímpicos. Antes dela, Melânia Luz (Londres 1948) e Wanda dos Santos (Roma 1960), também do atletismo, haviam superado as barreiras do preconceito racial para figurar entre as estrelas do Olimpo.

“Eles não queriam me levar. Eu era a única mulher, e negra. Esse era o motivo”, afirma Aída em entrevista especial para o Hall da Fama do COB.
 

Vida difícil


Filha caçula de uma família de cinco irmãos – Vantuil, Divonaguir, Adir e Nílton -, Aída cresceu no Morro do Arroz, em Niterói (RJ), e começou a trabalhar ainda muito cedo para ajudar no orçamento doméstico.

“Estudava de manhã e fazia faxina à tarde. Quando estudava à tarde, trabalhava de manhã, em casa de família”, lembra.

O pai, Prazeres dos Santos, era pedreiro, e a mãe, Adalgisa Vicente Alves, lavadeira. Apesar da rotina puxada, a menina encontrava tempo para descer o morro e treinar vôlei no Complexo Esportivo Caio Martins, nas manhãs de domingo. Aluna da Escola Municipal Aureliano Leal, Aída chegou a disputar competições colegiais, nas quais começou a sentir o peso do racismo.

“Não pude praticar como gostaria porque, naquela época, negro não jogava voleibol. Lembro de uma partida, no ginásio em Niterói, em que eu era a única negra em quadra e ouvi da arquibancada: ‘Sai daí crioula, o teu lugar é na cozinha!’. Quando terminou o jogo, pedi o microfone: ‘Meu lugar é na cozinha, na sala, no quarto, na varanda, mas também numa quadra de esporte’”, rebateu.
 

Chantagem providencial

 

Aída ia e voltava dos treinos de carona, na bicicleta de uma amiga que praticava atletismo. A falta de jogadoras para o treino de vôlei era frequente e ela costumava ficar horas sem ter o que fazer, esperando a dona da bicicleta.

“Ficava esperando minha amiga treinar para me dar carona e ela sempre me convidava para praticar atletismo. Até que, um dia, ela falou que seria a última vez que me convidaria. Se não houvesse quórum no vôlei, eu teria que voltar para casa a pé, pois ela não voltaria para me buscar. Chegando lá, não deu quórum e eu não queria voltar para casa a pé”, conta Aída.

E assim foi. Para não perder a carona, a então jogadora de vôlei foi para a pista.

“Minha amiga estava no salto em altura, me mandaram saltar e eu saltei 1,40 m. O recorde estadual era 1,45m. Foi aí que tudo começou. Não tinha noção de que pudesse saltar tão alto. Nunca tinha nem tentado. Saltei, fiquei contente, mas não dei muita importância para aquela marca, não”, completa.

 

Contra a vontade da família


Pouco tempo depois de começar no atletismo, ela foi convidada a participar de uma competição defendendo o Fluminense de Niterói. Mas o pai não a deixou ir. “Choveu e não houve competição”, pontua.

O técnico de Niterói a preparou e, quando o torneio foi remarcado, Aída mentiu para o pai que iria apenas ver a amiga competir e partiu para a sua estreia nas pistas.

“Quando cheguei lá no estádio, tinha o pessoal do Flamengo, medindo as distâncias com trenas. Comecei com um metro, fiz 1,10m, fui saltando e acabei chegando a 1,50m. Ganhei de todas elas”, festeja. Era o novo recorde do Estado do Rio de Janeiro.

A primeira medalha, que costuma fazer brilharem os olhos de pais e mães de jovens atletas mundo afora, surtiu efeito contrário na casa de Aída.

“Eu me empolguei, cheguei em casa com a medalha, mostrei ao meu pai e ele me perguntou se eu tinha trazido dinheiro. Respondi que não, e ele retrucou que medalha não dava dinheiro para ninguém: 'Você não vai mais! Pobre tem que trabalhar para se sustentar’”.
Em vez de festa, teve surra. A atleta estava sendo forjada dentro da própria casa para as dificuldades que enfrentaria, posteriormente, no mundo do esporte. Além da questão financeira, o pai da atleta se opunha à prática por considerar que mulher não podia fazer esporte algum.

“Esporte era apenas brincadeira e acabou”, ele teria dito.

 

Dificuldade para treinar


Não demorou muito e a jovem do Morro do Arroz foi convidada a ser atleta do Vasco, no Rio de Janeiro. Lá, além do salto em altura, sua especialidade, passou a treinar outras provas: lançamento do dardo, arremesso do peso, 100m... de tudo um pouco. O técnico mandava, e ela fazia. Como o clube era distante da sua casa, Aída recebia uma ajuda de custo para pagar a condução, já que tinha o compromisso de estar no clube três vezes por semana: segundas, quartas e sextas-feiras.

“Eles me davam o dinheiro da passagem, mas eu não ia treinar. Quando eu chegava em casa, meu pai pegava o dinheiro para comprar pão, açúcar, mantimentos e eu acabava sem ter como ir ao clube”, divide.

Apesar das faltas nos treinamentos, nos dias de competição, o técnico ia buscar Aída em casa. “Eu não treinava e chegava em casa com medalha de primeiro lugar. Meu pai dizia que atletismo era fácil, já que eu não treinava e sempre trazia medalhas”, observa.

Os bons resultados desde o início da carreira provam que Aída foi agraciada com um talento nato. “E não é só para o atletismo, não. Sou boa em qualquer esporte, até em jogo de peteca!”, gaba-se.

 

Vida de atleta


Os resultados começaram a surgir e o universo de Aída dos Santos foi se ampliando para muito além do Morro do Arroz. Em 1961, disputou o Campeonato Sul-americano, em Lima (Peru), e foi campeã no salto em altura. No ano seguinte, participou dos Jogos Ibero-americanos, em Madri (Espanha), e também voltou com a medalha de ouro. Em 1963, foi submetida a uma cirurgia no menisco, o que a impediu de conquistar o título nos Jogos Pan-americanos de São Paulo.

“Ainda estava em convalescença, devagar, me levaram só para fazer número. Se eu fiquei em décimo lugar foi muita coisa”, resigna-se.

Em 1964, o esporte amador do Vasco foi extinto, e a atleta passou a treinar no Botafogo, seu clube de coração. No Troféu Brasil, realizado em São Paulo, ela saltou 1,65m e alcançou o índice para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio. A amiga, Maria da Conceição Cipriano, saltou 1,71m, superando o índice.

“Os mais cotados para ir para os primeiros Jogos de Tóquio eram a equipe masculina de 4x100m e a Érica Resende mostram que a atleta brasileira solitária começou sua jornada olímpica saltando 1,60m. Passou para 1,65m, depois 1,68m e garantiu sua vaga para a final com 1,70m. “No Brasil, tentei 1,68m seis vezes e não consegui. Lá, consegui 1,70m”, destaca.

A brasileira foi a terceira colocada entre as sete classificadas nas eliminatórias do grupo B. Detalhe: ela alcançou todas as marcas no primeiro salto.
“Consegui 1,70m porque no Brasil eu tinha que treinar, trabalhar e estudar. Lá eu só precisava treinar. Apesar de não ter técnico, tinha como treinar mais. Aqui, eu treinava duas vezes por semana. Em Tóquio, eu treinava todos os dias e isso fez a diferença. Comer e treinar, essa era a minha rotina. Com minha força de vontade, perseverança e a ajuda de Deus, eu consegui”, analisa.

 

Quem não está acostumado, estranha

 

Feliz com a classificação, Aída não sabia como voltaria ao estádio para disputar as finais. Para piorar, havia se contundido e não contava com o apoio de um médico para dar assistência ao pé torcido.

“No Brasil, estava acostumada a saltar e cair num buraco de areia. Meu salto era rolo ventral, mas eu não caía em rolo ventral porque ia me machucar no buraco de areia. Lá, a queda era num colchão, como tem hoje em dia. Quando você sai de falta de estrutura para uma coisa boa, você também estranha! Torci meu pé naquele colchão. Todo mundo foi embora, os técnicos, os atletas... Olhei o estádio cheio, nenhuma bandeira do Brasil e pensei como faria para voltar e disputar. Eu não tinha com quem ir embora. Entrei num restaurante lá, comprei um camarão, dei os ienes e comi”, relembra.

Naquele momento, ela já tinha entrado para a história do esporte olímpico brasileiro, mas não teve ninguém por perto para lhe dar essa notícia. Ainda no restaurante, uma atleta de Cuba reparou que Aída estava mancando e chamou o médico cubano para ajudar. Ele fez uma botinha de esparadrapo no calcanhar da brasileira que, assim, teve condições de ir para a final.

O auxílio dos cubanos, valeu uma polêmica. “Saiu uma nota dizendo que enquanto o Brasil fugia do comunismo, eu me aliava a Cuba, que eu ia para Cuba via México”, conta.

 

Cinco saltos para entrar para a história


No início da tarde, contrariando o prognóstico do próprio técnico, estava entre as 13 atletas que disputariam a final do salto em altura, um feito inédito para o atletismo feminino brasileiro. Ela começou saltando 1,60m e foi superando as marcas até chegar a 1,74m, sempre no primeiro salto. Até 1,71m, Aída estava na frente de Taisiya Chenchik, da União Soviética, na terceira posição.

“Depois que saltei 1,74m, psicologicamente, eu acabei. Continuei porque tinha que continuar, mas já não tinha mais condições, derrubava sarrafo, derrubava poste. Eu estava até na frente da russa porque eu passei todas de primeira. Depois, quando eu derrubei, ela passou o meu lugar. Até aquela hora, eu não tinha ideia de qual era a minha posição. Só no final fiquei sabendo que estava em quarto”, revela Aída, que fracassou nas três tentativas de superar 1,76m. A atleta soviética conseguiu 1,76m na terceira tentativa, depois passou 1,78m de primeira e garantiu a medalha de bronze.

 

O que faltou para a medalha de bronze?

 

“Faltou um técnico. Quando a pessoa está saltando, olha para arquibancada, olha o técnico e ele fala: levanta o joelho, os três passou mais rápidos, dá um passo para frente, um passo para trás. Faltou alguém para me falar isso, alguém para me dar orientação”, sentencia.

Embora sem direito a pódio nem medalha, no final da tarde daquele dia 15 de outubro de 1964, Aída dos Santos entrava para a história como a atleta brasileira a alcançar o melhor resultado em Jogos Olímpicos até então. Ela foi a primeira a disputar uma final no atletismo e faltou pouco para ser a primeira medalhista.

 

Resultado histórico

 

Cansada, chateada, fisicamente machucada e emocionalmente abalada, Aída saiu do Estádio Olímpico de Tóquio de ônibus. Chegando à Vila Olímpica, começou a perceber a importância do que tinha feito naquele dia no Japão. Embora não houvesse torcida no local da competição, os atletas brasileiros de outros esportes haviam acompanhado tudo pela televisão. A edição de 1964 foi a primeira a ser transmitida para o mundo.

“No momento da competição não caiu a ficha. Quando eu cheguei à Vila Olímpica, me falaram assim: ‘Como você dá uma dessa, quarto lugar?’ Eu achava que quarto lugar não era nada. Eles perguntaram quantas competidoras no mundo existiam e valorizaram muito minha conquista, lembrando que eu era a quarta melhor entre todas, apesar de abandonada, sem técnico, material adequado para competir, nada”, conta.

 

A melhor por três décadas


O feito de Aída dos Santos nos Jogos Olímpicos de Tóquio só viria a ser superado 32 anos depois, quando as duplas brasileiras disputaram a final do vôlei de praia feminino em Atlanta 1996. Jaqueline Silva e Sandra Pires foram campeãs, enquanto Adriana Samuel e Mônica Rodrigues ficaram com a prata.

“Aída dos Santos é uma atleta que vivenciou o quase. Assim como outras atletas que enfrentaram dificuldades, ela construiu uma estrada, quebrando pedras com a mão, abrindo trilhas sem trator. Foram essas atletas que fizeram esse caminho e, por enfrentarem tantas dificuldades, muitas vezes não conseguiram alcançar o ponto máximo ou mesmo encontrar o pódio. Em 1996, parecia que tinha chegado a hora, a estrada já estava feita, era a hora de as mulheres entrarem naquele lugar. Que bom que Aída está viva, porque acho que estar no Hall da Fama do COB é uma grande homenagem”, analisa Jaqueline Silva
“Ser a única mulher a estar nos Jogos e lá enfrentar esse desafio deve ter sido muito difícil para ela, principalmente no psicológico. Deve ter sido assustador, mas ela é um exemplo da força da mulher. Aída dos Santos desbravou e fez história no esporte brasileiro”, completa a atleta olímpica Fabiana Murer, do salto com vara, única brasileira a conquistar o título de campeã mundial no atletismo.

 

Sem papas na língua


Aída conta que, ao chegar ao Brasil, recebeu flores e um convite para desfilar em carro de bombeiros. “Eu disse que não queria nada daquilo. Deviam ter feito isso antes, ninguém me deu apoio antes, agora quem não queria nada disso era eu”, disse.

Apesar de nunca ter sido parabenizada pelos pais e pelos irmãos, que jamais comentaram nada sobre a sua performance nos Jogos Olímpicos, Aída lembra que virou celebridade. No Morro do Arroz, todo mundo queria falar com ela e os repórteres a procuravam todos os dias para conceder entrevistas.

“Os dirigentes não gostavam muito porque eu falava a verdade. Eles me alertavam para eu ter cuidado com o que iria falar. Eu respondia que iria falar a verdade e falava tudo”.

Foi por falar a verdade que a primeira brasileira a disputar uma final olímpica ficou fora dos Jogos de 1972. Depois de disputar os Jogos México 1968, quando sofreu uma distensão muscular e terminou na 20ª colocação no pentatlo, ela diz ter sido cortada logo após contar os detalhes do que viveu em Tóquio, em entrevista ao Programa Flávio Cavalcanti na TV Tupi.

 

O sonho de treinar na América


A história poderia ter sido muito diferente se a brasileira tivesse aceitado a bolsa de estudos oferecida pelo técnico norte-americano que dirigiu a equipe de salto em Tóquio 1964 para estudar e competir na Califórnia.

“Ganhei das americanas e o técnico delas veio ao Brasil para ver onde eu treinava. Ficou horrorizado! Eu começava a correr num pedacinho de terra, ia para a grama e caía num buraco de areia. Os postes era dois paus com pregos. Não tinha sarrafo, era um cano d’água. Para ele, era inacreditável eu ter conseguido aquele resultado treinando naquelas condições. Queria ir, mas meus pais não deixaram”, comenta.

Aída conquistou medalhas nos Jogos Pan-americanos Winnipeg 1967 e Cali 1971. Foi bronze no pentatlo nas duas competições.

 

Mudando de vida


Paralelamente aos treinos, Aída tratou de estudar. Graças ao esporte, conseguiu bolsas de estudo. Formou-se em Geografia, Pedagogia e Educação Física. Deu aulas de natação e lecionou na Escola Estadual Aureliano Leal, onde começou no esporte, e em universidades, como a Gama Filho e a Universidade Federal Fluminense (UFF).

 

“Eu falo: pobre para vencer na vida só por meio do estudo. Dinheiro acaba, o estudo não, você morre com ele”, ensina.


“Além de grande atleta, Aída dos Santos destacou-se pela fibra e espírito de sacrifício que marcaram sua vida. Lutou muito para chegar aonde chegou. Como professora de Educação Física, era chamada pelos alunos de ‘Fernão Capelo Gaivota’, por ter vencido todos os obstáculos para transformar em arte o atletismo e sua própria vida. Valorosa mulher!”, observa a pesquisadora e escritora Laurete Godoy, autora de vários livros sobre Jogos Olímpicos e ex-atleta, que estreou ao lado de Aída nos Jogos Sul-americanos de 1961, em Lima, no Peru, onde foi campeã nos 4x100m.

 

Mãe técnica


No início dos anos 1970, Aída dos Santos casou-se com Miguel e continuou no atletismo por mais dois anos. Chegou a competir grávida de três meses do filho mais velho, Sérgio Rogério. Patrícia e Valeska completam o time da mãe atleta. Todos começaram a praticar esportes nos primeiros anos da vida.

“Eles fizeram basquete, atletismo, voleibol, natação... As meninas também fizeram sapateado, esgrima, balé e ginástica rítmica. Eles fizeram esporte não para ser campeões, mas para não irem para a rua, para ter conhecimento. Para mim, esporte é cultura”, prega.

Embora formar campeões não fosse o plano inicial, aos 13 anos, Valeskinha deixou o atletismo para se dedicar integralmente ao vôlei e não demorou muito para integrar a seleção brasileira. Em 2004, exatamente quarenta anos depois de Tóquio 1964, equiparou o feito da mãe, ao ficar em quarto lugar nos Jogos de Atenas.

“Sempre pensei que um filho meu seria olímpico, mas não imaginava que seria no vôlei”, pontua Aída.

Em 2008, Valeskinha realizou o sonho que teve início com a mãe: voltou de Pequim com a medalha de ouro.

“Minha mãe era minha técnica, minha crítica. Ao chegar no lugar mais alto de uma competição, na minha segunda Olimpíada, automaticamente tem ela ali comigo. Não tem como não dizer que ali tem o suor da minha mãe, as lágrimas de quando a gente perde, os risos de quando a gente ganha. Ela está ali, manifestada naquela medalha também. Quando ganhei, eu falei: Mãe, é nossa!”, emociona-se Valeskinha.
 

Inspiração para as gerações seguintes


Além da medalha da filha, nos Jogos de Pequim, Aída pode ver o primeiro ouro de uma mulher no atletismo brasileiro, conquistado por Maurren Maggi, no salto em distância.

“Aída foi uma pioneira nos esportes. Sei da história dela porque ela própria contou. Era muito legal ouvir e saber da importância dela, de todos os seus feitos que abriram portas para as mulheres vencerem na vida. Foram 44 anos entre o sonho dela e a minha conquista. É bastante tempo, né? Ela estar no Hall da Fama do COB é sensacional!”, festeja Maurren.
A história de Aída – negra e criada na favela – encontra semelhanças na trajetória de Rafaela Silva, primeira campeã olímpica e mundial de judô no Brasil.
“Quando encontro alguns atletas de outras épocas e eles contam um pouco sobre as suas histórias, dá para ver o quanto fomos privilegiadas pelo investimento e incentivo dentro do esporte. Aída dos Santos não tinha nem material para atuar pelo Brasil e hoje temos uniforme, centro de treinamento, passagem, alimentação, tudo proporcionado para o melhor desempenho. Temos que nos espelhar nas histórias das atletas. Só podemos agradecer e reconhecer tudo o que elas fizeram pelo Brasil”, detalha Rafaela Silva.

“Minha história é bem parecida com a da Rafaela, mas ela teve uma coisa que eu nunca tive e que me fez muita falta: o apoio dos pais”, compara Aída.

 

Na ativa


Aída continua na ativa, disputando Campeonatos Másters de Vôlei, onde vem acumulando títulos. Ela também coleciona homenagens.

Em 1995, foi inaugurada a pista de atletismo da UFF, no Rio de Janeiro, com o nome de Aída dos Santos. Em 2006, recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, no Prêmio Brasil Olímpico, do Comitê Olímpico do Brasil, e em 2009, foi agraciada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional.

Em 2012, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) e a Caixa Econômica Federal, durante os Jogos Olímpicos de Londres, prestaram homenagem retratada no livro “Mulheres no Pódio – A empolgante histórica das atletas brasileiras”. A obra contém a biografia da atleta, chamada de “A leoa de Tóquio”. Nesse mesmo período, a CBAt criou a Medalha Aída dos Santos.

Ela foi uma das atletas que conduziram a tocha olímpica nos Jogos Rio 2016. Em 2020, Aída ganhou um mural de 30 metros pintado pelo artista plástico Marcelo Lamarca. A obra fica no Caminho Niemeyer, em Niterói.

“Sou uma mulher-leoa! Sei lutar por aquilo que eu quero. Valeu a pena tudo o que passei. Por isso, incentivo todo mundo a fazer esporte. O esporte vai levar você longe, porque mesmo quem não se destacar, será um cidadão melhor. Se eu tivesse desistido da seletiva e não fosse a Tóquio, eu estaria no morro, lavando roupa para fora, trabalhando de faxineira. Querer é poder!”, reforça.

Entrar no Hall da Fama do COB foi motivo de grande alegria não só para Aída, mas para toda família. “Muitos atletas são homenageados depois que morrem, né? Ser homenageada com vida tem muita importância para mim”, destaca.

“Com essa homenagem, a minha mãe atingiu a melhor marca dela. Vai ficar imortalizada”, finaliza Valeskinha.

Aída dos Santos
Vídeo

Aida dos Santos é homenageada no Hall da Fama do COB 2020

Aída dos Santos foi a primeira brasileira a disputar uma final olímpica e, durante 32 anos, foi a que chegou mais perto do pódio: alcançou o 4º lugar no salto em altura nos Jogos Olímpicos Tóquio 1964. 

Vídeo

Aida dos Santos, a primeira brasileira a chegar mais perto de um pódio Olímpico.

A homenageada pelo Hall da Fama do COB participou de dois jogos Olímpicos. Em seu primeiro, Tóquio 1964, chegou à final do salto em altura e conquistou o quarto lugar. 

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GALERIA DE FOTOS

RESULTADO EM DESTAQUE

ediçãoresultadoprova
Jogos Sul-Americanos Lima 1961
1º LugarOuro
Salto em altura - Feminino
Jogos Ibero-Americanos Madrid 1962
1º LugarOuro
Salto em altura - Feminino
Jogos Pan Americanos Winnipeg 1967
3º LugarBronze
Feminino
Jogos Pan Americanos Cali 1971
3º LugarBronze
Feminino

ACERVO

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