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Afrânio da Costa

Afrânio da Costa

modalidade

Tiro esportivo

data e local de nascimento

14/03/1892

BIOGRAFIA

O caminho de Afrânio da Costa indicava um futuro em meio a livros e tribunais. Ele, porém, quis ir além para se tornar o primeiro medalhista olímpico do Brasil. Em 1920, na Antuérpia, contou com seu talento e uma dose de simpatia e sorte para fincar seu nome na história do esporte olímpico. Com a prata no tiro esportivo, abriu o caminho para todas as outras medalhas que o país conquistaria em Jogos Olímpicos. Sem ele, a equipe brasileira não teria nem mesmo disputado os Jogos. 

 

Afrânio foi um dos grandes pioneiros do esporte brasileiro e o primeiro atleta a conquistar uma medalha olímpica para o Brasil. Sua trajetória no tiro esportivo e sua atuação como jurista o colocam como uma figura de destaque na história nacional. Seu nome agora será marcado na eternidade ao entrar no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

 

Nasceu em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, em 14 de março de 1892 e formou-se em direito em 1912, sob influência do pai, também advogado e com quem compartilhou um escritório até 1931. Neste ano, foi nomeado juiz e passou a ter uma atuação destacada, tendo ocupado os cargos de ministro do Tribunal Federal de Recursos e ministro do Supremo Tribunal Federal. Neste último, comandou as eleições para presidente e para o Congresso em 1946. Sua importância à época foi tão grande que, hoje, dá nome à biblioteca do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Centro do Rio de Janeiro. 

 

A ligação com o esporte, porém, era tão profunda quanto com a magistratura. Torcedor do Fluminense Futebol Clube, foi o responsável pela construção do estande de tiros do clube em 191 quando foi diretor de tiro esportivo do clube. Foi justamente nas Laranjeiras que a equipe brasileira se preparou para sua estreia em Jogos Olímpicos. 

 

O estande, que está em atividade até hoje, foi fundamental para formar diversos atletas que representaram o Brasil em competições internacionais e virou referência para outros locais de treino de tiro do país. Assim, carrega consigo parte da história do esporte brasileiro. 

 

“Naquela época, só existia estande na Vila Militar e o Revólver Club, na Lagoa, que logo acabou. Então, o estande do Fluminense tanto melhorou a vida do povo que não precisava mais pegar o trem até a Vila Militar como também viu aparecerem novos adeptos. Dali em diante foi o celeiro de muitos atletas que representaram o Brasil em competições internacionais e virou referência para outros estandes do país”, conta Ângela Maria Lachtermacher, bronze no Pan de Havana-91 e ex-diretora de tiro do clube - posto que teve como primeiro ocupante o próprio Afrânio - ao jornal O Globo.

 

Em 1923, Afrânio participou da fundação da Federação Brasileira de Tiro, que se tornaria Confederação Brasileira - em 1947, foi eleito presidente da entidade. 

 

 

A história por trás do pioneirismo olímpico

 

O caminho para a Antuérpia, inclusive, reservou uma das melhores histórias do esporte brasileiro. A bordo do navio Curvello, Afrânio e os outros atletas foram acomodados na terceira classe. Alguns, então, decidiram dormir no bar do navio, onde teriam mais espaço. Em uma parada na Ilha da Madeira, em Portugal, perceberam que chegariam ao destino final apenas no dia 5 de agosto. Havia, porém, um problema: as provas de tiro esportivo começariam no dia 28 de julho.

 

Todos, então, desembarcaram em Lisboa e seguiram até a Antuérpia de trem. Fizeram toda a viagem debaixo de chuva, em vagões descobertos. Em uma parada em Bruxelas, o maior contratempo: as armas, os alvos de treinamento e a munição da equipe foram roubados. Como líder do time brasileiro, Afrânio se aproximou da equipe dos Estados Unidos e do chefe de equipe, o coronel George Sanders, que acolheu a delegação do Brasil e compartilhou alvos, armas e munição. Foi graças à generosidade dos rivais que, em 2 de agosto de 1920, o país conquistou sua primeira medalha olímpica, a prata na pistola livre.

 

A ajuda garantiu o sucesso do Brasil na competição, que foi adiada em uma semana. No dia 2 de agosto de 1920, Afrânio garantiu a prata na prova de pistola livre 50 metros, a primeira medalha olímpica do país. Ele ainda faria parte da conquista do bronze por equipe, ao lado de Dario Barbosa, Fernando Soledade, Guilherme Paraense (que conquistaria o ouro na pistola rápida 25m) e Sebastião Wolf.

 

“Não existiria medalha alguma se não fosse o Afrânio. Foi ele quem fez amizade com os americanos e ganhou de presente a pistola com a qual eles conquistariam suas medalhas — conta o radialista Mário Luiz Machado, autor do livro “Afrânio, a primeira medalha do Brasil. No peito, na raça e na... bala”, em entrevista para o jornal O Globo em 2020.

 

De maneira geral, o atirador teve uma carreira esportiva vitoriosa. Afrânio foi campeão brasileiro 17 vezes e conquistou um total de 154 títulos. Além disso, presidiu a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), chefiando a delegação brasileira na Copa do Mundo FIFA de 1930, no Uruguai. 

 

Após muitas conquistas no esporte, Afrânio se aposentou do esporte por volta da década de 30. Já na magistratura, se aposentou na década de 60 e passou a gerenciar o hospital Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, de 1960 a 1976. O medalhista olímpico faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1979, aos 87 anos.

Afrânio da Costa

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Medalhas em jogos olímpicos

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