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Pequim 2022

Arara, olho no objetivo e foto de companheiro: o que significa a decoração dos trenós e capacetes brasileiros

Nicole Silveira, do skeleton, faz a primeira descida dia 11, enquanto o bobsled, no trenó de duas pessoas, estreia no dia 14. O quarteto compete pela primeira vez no dia 19

Por Comitê Olímpico do Brasil

5 de fev, 2022 às 04:29 | 3 min de leitura

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Quem olha o trenó da equipe de bobsled passando voando, a mais de 150km/h, no circuito do Centro Nacional de Esportes de Pistas, em Yanqing, certamente não notará esse detalhe. Mas com o carrinho parado é possível ver muito nitidamente uma silhueta estampada. É Odirlei Pessoni, um dos símbolos da modalidade no Brasil e que esteve nos Jogos Olímpicos de Sochi 2014 e Pyeongchang 2018, que faleceu tragicamente em acidente automobilístico em março de 2021, aos 38 anos.

“Essa homenagem foi uma ideia de todo o time porque o Odirlei era um cara fantástico, o coração do time. Era nosso mecânico, nosso engenheiro e um baita de um atleta. Chegava no topo da pista e podia estar quem fosse que ele não tremia. Era um super parceiro, com um coração gigante. O mínimo que a gente podia fazer era trazer ele com a gente. Sabemos que não pode ter marcas, patrocínio nada disso no trenó. Mas se a organização pedir para tirar, é um questionamento que a gente vai fazer porque é uma homenagem que vai além do esporte”, disse o capitão e piloto do trenó, Edson Bindilatti, responsável por trazer Pessoni para a modalidade. 

Foto: Divulgação/CBDG

“A amizade é um dos fundamentos do Olimpismo e acho que o que fizemos é uma homenagem à amizade. A competição, o resultado vem depois disso. Queremos muito deixar a imagem dele no trenó com a gente porque ele fez parte de toda essa história do bobsled do Brasil. Se hoje estamos aqui, disputando em bom nível, muito a gente deve a ele”, completou Bindilatti. Os capacetes dos atletas também terão a imagem de Odirlei.

No skeleton, Nicole também não economizou no simbolismo em seu capacete e seu trenó. Quando ela está voando deitada de bruços no carrinho, não dá pra ver, mas o que ela queria desde o começo na prática da modalidade, esteve estampado nos últimos anos em seu equipamento de trabalho.


Foto: Andrea Leibovitch/COB

“Desde 2020 que eu tenho essa decoração. O meu sled é o rosto de uma mulher e também é todo pintado com as cores do Brasil. Dentro do olho da mulher está escrito ‘Beijing 2022’. Significa o foco no objetivo que era estar aqui nos Jogos Olímpicos”, explicou Nicole.

Mas as homenagens ao Brasil e os simbolismos não param por aí. No capacete da atleta que foi 8ª lugar no evento-teste em outubro do ano passado há duas imagens.

“No capacete, eu estampei uma arara com o estetoscópio em volta. A arara é um animal lindo, é um dos símbolos do Brasil, e também tem o significado de sorte. E o estetoscópio é, logicamente, uma referência à minha outra profissão, que é ser enfermeira. Atrás tem meu sobrenome, Silveira, e o símbolo da enfermagem também. Eu quis fazer bem colorido, com as cores do Brasil”, completou. Nicole Silveira faz a primeira descida dia 11, enquanto o bobsled, no trenó de duas pessoas, estreia no dia 14. O quarteto compete pela primeira vez no dia 19.

Foto: Alexandre Castello Branco/COB


O Time Brasil em Pequim 2022 conta com 11 atletas, sendo um reserva: a equipe de bobsled composta por Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna, Rafael Souza e Jefferson Sabino (reserva); Jaqueline Mourão, Eduarda Ribera e Manex Silva, do esqui cross-country; Nicole Silveira, do skeleton; Michel Macedo, do esqui alpino, e Sabrina Cass, do esqui estilo livre moguls. Michel é o único que ainda não desembarcou na China e a chegada está prevista para o próximo dia 8.

Pequim 2022 é a nona participação brasileira em Jogos de Inverno, iniciada em Albertville 1992. No total, até Pequim, 35 atletas do Brasil, sendo dez mulheres, em oito esportes (esqui alpino, bobsled, esqui cross country, luge, snowboard, biatlo, esqui estilo livre e patinação artística), participaram da competição.

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