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De Bia Ferreira a Coco Gauff: Campeã mundial de Boxe Rebeca Lima fala sobre inspirações no esporte

Atleta cria da Maré, complexo de favelas do Rio de Janeiro, transforma sonhos em metas e fala sobre próximos objetivos

Por Comitê Olímpico do Brasil

2 de out, 2025 às 17:59 | 4min de leitura

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Foto: Ben Roberts Photo/Getty Images

Foco, dedicação e estratégia baseiam a carreira de Rebeca Lima, carioca de 25 anos que pratica boxe desde os sete anos de idade. Com a mudança de juvenil para elite já consolidada, a multi-medalhista na categoria 60kg vem se tornando um dos principais nomes de sua geração e tem como inspiração a própria equipe. 

 

"Meus companheiros de equipe são a minha base. A Bia, que não é segredo, nossa melhor boxeadora brasileira. A Claressa (Shields) também, Kate Taylor, Amanda Serrano e Kellie Harrington, irlandesa que ganhou da Bia nas Olimpíadas, são outras inspirações que tenho”, disse.

 

‘Uma eterna amante do esporte’, como ela mesmo se define, Rebeca tem inspirações não só no ringue, mas também nas quadras: de tênis e de vôlei. "Eu curto muito o pessoal do tênis, tênis de quadra clássico mesmo. Eu gosto muito do mindset que o tênis apresenta e eu levo muitos aprendizados para o boxe também", afirma. 

 

Por isso, é no esporte da bolinha amarela que a atleta também tem suas maiores inspirações: "Eu gosto muito dos nossos, como o Guga e a Maria Ester Bueno, que foi a nossa primeira grande tenista. E a Coco Gauff também, que foi a campeã em Roland Garros", citou como exemplo.

 

O vôlei de quadra e de praia também tem um lugar especial no coração da atleta. "Eu assisto muito o feminino e me inspiro na geração da prata olímpica (vôlei feminino de quadra, medalha de prata em Tóquio 2020)”, afirma a atleta.

 

Ainda assim, com os pés no chão, Rebeca gosta de pensar nessas inspirações como pessoas reais. "Eu não gosto da ideia de colocar as minhas referências num pedestal. Óbvio que eu dou todo o mérito que esses grandes atletas carregam, mas eu não gosto de colocar que eles são minhas referências e ponto final. Eu gosto que eles tomem a direção seja de títulos, de atitude, de postura moral, da qual eu quero seguir também", afirma. 

 

Cria da Maré, favela da zona norte do Rio de Janeiro, Rebeca começou no boxe em 2007, quando conheceu a ONG Luta Pela Paz. Na época, a atleta fazia futsal, mas ficou curiosa ao assistir os treinos na rua ao lado. "Um dia eu fui lá no salão de boxe do Luta Pela Paz e vi as meninas batendo no saco, com manopla e cordas no ringue, e comecei a gostar. No outro dia eu pedi para minha mãe me inscrever, ela resistiu muito, mas me inscreveu", divide. 

 

Desde então, a pugilista da categoria 60kg brilha nos ringues. Pentacampeã brasileira, Rebeca conquistou o primeiro dos títulos em 2017. Logo depois, em 2018, fez história ao se tornar a primeira atleta brasileira a ganhar uma medalha no boxe feminino em campeonatos mundiais juvenis, conquistando o bronze. 

 

Quando o assunto é Jogos Olímpicos, Rebeca tentou se classificar para Tóquio 2020 quando baixou de peso em busca da vaga, mas acabou não conseguindo ao disputar a posição com Jucielen Romeu, nos 57kg. Ela retornou à categoria de origem, mas em Paris 2024 não houve seletiva nos 60kg. No entanto, a pugilista esteve em Paris com o programa Vivência Olímpica do COB, em que jovens atletas promissores são convidados para experimentar o ambiente olímpico, e pode ser sparring da ídola Bia Ferreira na competição. 

 

Enquanto isso, ela seguiu conquistando campeonatos brasileiros, além de duas pratas continentais - uma no Juvenil e outra no Elite 2022, ouro no Challenge da República Checa em 2025, e duas pratas na Copa do Mundo de Boxe 2024/2025.

 

O último - e maior - título da carreira foi o Mundial de Boxe em Liverpool, na Inglaterra, em que conquistou a medalha de ouro em 15 de setembro deste ano. Focada no objetivo, Rebeca divide que a comissão técnica tinha expectativa de medalha na competição, mas ela mirou no ouro desde o início. 

"Eu estava o tempo inteiro pensando no ouro. Na minha cabeça, eu chegando na final, eu já me assegurava a medalha de ouro. Porque se eu cheguei até ali, irmão, ninguém ia me segurar. E eu não tinha dúvidas que eu ia chegar até ali", afirma Rebeca.

 

As próximas metas estão bem claras na cabeça de pugilista. “Agora é o Sula (Jogos Sul-americanos), depois o (Jogos) Pan-americano para garantir minha vaga logo (para Los Angeles 2028) e a medalha olímpica”, projeta.

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