Sinônimo de judô no Brasil, o paulistano Aurélio Fernandez Miguel começou a lutar aos 7 anos, foi colecionando vitórias e medalhas até ser reconhecido como o melhor judoca dos Estado de São Paulo, aos 13. Antes de chegar aos 20 anos, já demonstrava confiança e provocava até risadas ao falar que seria campeão olímpico.
“No final do Campeonato Pan-americano de 1983, o Aurélio, com 19 anos, mas já competindo pelo adulto, saiu para comer com outros atletas e, no meio da conversa, afirmou para todo mundo que iria ser campeão olímpico. Todos na mesa deram risada”, conta Rogério Sampaio, diretor geral do COB e campeão olímpico em Barcelona 1992.
“Naquela época, o único medalhista olímpico do judô brasileiro era o Chiaki Ishii, bronze em Munique 1972. E o Ishii é um japonês naturalizado brasileiro. Era impensável, em 1983, aqui no Brasil, alguém cogitar conquistar uma medalha no judô, quanto mais ser campeão olímpico” completa o ex-atleta, um dos grandes amigos de Aurélio.
Um ano antes, Miguel conquistara seu primeiro grande resultado internacional: vice-campeão no Mundial Universitário, na Finlândia. “Foi lá que eu percebi que o negócio era diferente no exterior, mas que eles não eram muito diferentes de nós, não. Eu vi que era possível, que o pessoal não era de Marte. Eram terráqueos”, brinca Aurélio em entrevista exclusiva ao Hall da Fama do COB.
O judoca estava no caminho certo - treinando, competindo e vencendo -, mas, para realizar seu sonho do pódio olímpico, queria conquistar, de forma justa, uma vaga na equipe nacional.